São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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Ambulantes dizem que não deixam as ruas

DA REPORTAGEM LOCAL

"É melhor enfrentar o rapa do que passar fome... Esse negócio de camelódromo com outro nome não resolve; ninguém passa lá, e não vendemos nada... Pode até tirar, mas em duas semanas volta todo mundo."
Essas foram as frases mais comuns colhidas ontem pela Folha entre camelôs que atuam nas áreas que o secretário Arlindo Chinaglia quer esvaziar.
Apesar da disposição dos dirigentes dos sindicatos da categoria em negociar, os donos de barracas e carrinhos no centro e na avenida Paulista não querem sair.
"A dona Marta acha que o Extra (do grupo Pão-de-Açúcar) comprou o Mappin (na praça Ramos) por quê?", questionou o camelô Valmir de Jesus Oliveira. Ele trabalha no viaduto do Chá e diz estar nas ruas há 15 anos. "Onde não passa ninguém, vamos morrer de fome."
Os camelôs também se mostraram descrentes da eficácia dos shoppings populares e bolsões.
"Só se a prefeita conseguir atrair gente para lá. Já vimos camelódromos com outros prefeitos que não vendiam nada e todo mundo voltou para as ruas", disse o ambulante que se identificou apenas como Reinaldo.
Josemar da Silva, que vende sombrinhas, rádios e calculadoras na rua Sete de Abril, disse que vai ficar "na correria". Correria é como chamam a "fuga do rapa" (fiscalização): quando os fiscais aparecem, os camelôs recolhem os produtos e se escondem; depois voltam.
Ontem à tarde, mesmo debaixo de chuva, a reportagem contou cerca de cem camelôs na Sete de Abril, 39 no viaduto do Chá, 67 na praça Patriarca e 182 ao longo da avenida Paulista. (EM)


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