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Ambulantes
dizem que não
deixam as ruas
DA REPORTAGEM LOCAL
"É melhor enfrentar o rapa do que passar fome... Esse
negócio de camelódromo
com outro nome não resolve; ninguém passa lá, e não
vendemos nada... Pode até
tirar, mas em duas semanas
volta todo mundo."
Essas foram as frases mais
comuns colhidas ontem pela
Folha entre camelôs que
atuam nas áreas que o secretário Arlindo Chinaglia quer
esvaziar.
Apesar da disposição dos
dirigentes dos sindicatos da
categoria em negociar, os
donos de barracas e carrinhos no centro e na avenida
Paulista não querem sair.
"A dona Marta acha que o
Extra (do grupo Pão-de-Açúcar) comprou o Mappin
(na praça Ramos) por quê?",
questionou o camelô Valmir
de Jesus Oliveira. Ele trabalha no viaduto do Chá e diz
estar nas ruas há 15 anos.
"Onde não passa ninguém,
vamos morrer de fome."
Os camelôs também se
mostraram descrentes da
eficácia dos shoppings populares e bolsões.
"Só se a prefeita conseguir
atrair gente para lá. Já vimos
camelódromos com outros
prefeitos que não vendiam
nada e todo mundo voltou
para as ruas", disse o ambulante que se identificou apenas como Reinaldo.
Josemar da Silva, que vende sombrinhas, rádios e calculadoras na rua Sete de
Abril, disse que vai ficar "na
correria". Correria é como
chamam a "fuga do rapa"
(fiscalização): quando os fiscais aparecem, os camelôs
recolhem os produtos e se
escondem; depois voltam.
Ontem à tarde, mesmo debaixo de chuva, a reportagem contou cerca de cem camelôs na Sete de Abril, 39 no
viaduto do Chá, 67 na praça
Patriarca e 182 ao longo da
avenida Paulista.
(EM)
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