São Paulo, sexta-feira, 16 de março de 2001

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SAÚDE

Ocorrências neste ano já são 6; o mosquito Aedes Aegypti estaria entrando pelas rodovias que ligam norte do Estado

São Paulo tem mais quatro casos de dengue "local"

DA REPORTAGEM LOCAL

Mais quatro casos de dengue autóctone (quando a doença é contraída na região) foram confirmados ontem na Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo. Os pacientes estavam no mesmo grupo de pessoas suspeitas de terem contraído a doença em meados de fevereiro e cujos resultados estão sendo conhecidos agora.
Com esses, são seis os casos confirmados este ano, todos nesta semana. A última ocorrência de dengue autóctone, na cidade de São Paulo, tinha sido registrada dois anos atrás.
Eduardo Jorge, secretário municipal da Saúde, disse que todos os pontos suspeitos de abrigar o mosquito na região norte e proximidades já foram visitados e os moradores contatados.
A maior preocupação, segundo o secretário, é com o número de casos importados, que passou de 85 para 107 nos últimos dois dias apenas na região norte da cidade. É o crescimento desses casos -quando o morador é picado em outro Estado ou região- que pode ampliar a epidemia, inclusive de dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença.
Essa forma ocorre quando uma mesma pessoa é picada por mosquitos portadores de sorotipos diferentes do vírus da dengue. Em algumas regiões do Estado, como a de Barretos, os sorotipos 1 e 2 foram identificados nos pacientes.
Eduardo Jorge acredita que a dengue esteja chegando a São Paulo pelas rodovias que ligam as regiões onde a epidemia já está instalada, no interior e outros Estados. Essa tese explicaria porque as zonas ao norte da capital -além de regiões e municípios vizinhos como Perus, Osasco e Barueri- concentrariam maior número de focos do Aedes aegypti. Na região norte, foram 1.230 focos localizados no ano passado.
Para conter a doença, ou ao menos reduzir seu impacto, órgãos da prefeitura e do Estado estão tentando barrar o mosquito nas portas de entrada da região norte.
Quarta-feira à noite, mais de 200 representantes de moradores se reuniram na Maternidade Vila Nova Cachoeirinha para operação conjunta com as autoridades.

Combate terceirizado
O secretário Eduardo Jorge disse que manterá o consórcio que combate o Aedes em São Paulo até o final do próximo mês, quando termina o contrato. "Só então veremos se a terceirização será mantida ou se a prefeitura assume as operações."
Em quase todo o país, as ações de combate ao mosquito foram prejudicadas no segundo semestre do ano passado, quando o Ministério da Saúde mudou as regras do repasse de verbas.
Em São Paulo, os serviços foram reduzidos porque a prefeitura atrasou o pagamento mensal de R$ 1,2 milhão nos meses de setembro a dezembro.
"Em janeiro, o consórcio me procurou dizendo que interromperia os serviços", disse Eduardo Jorge. "Acertamos setembro e pagamos janeiro em dia. O resto da dívida vai para o bolo dos atrasados deixado pela administração passada."

Barretos
O presidente da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), Mauro Ricardo Costa, admitiu ontem que a auditoria realizada em Barretos constatou irregularidades no programa de combate à dengue no município.
Segundo Costa, dois aspectos já estão no relatório preliminar: não houve a visitação de casa em casa a cada bimestre e não houve trabalho de conscientização da população. Barretos vive uma epidemia da doença, com 1.727 casos.
O prazo para entrega do relatório final da auditoria ainda não está definido.


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