São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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VIOLÊNCIA

Na zona norte, grupo alegou que menor foi preso injustamente e jogou pedras em policiais, que negam a acusação

Moradores enfrentam polícia após prisão

DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores do Jardim Brasil (zona norte de São Paulo) e policiais militares entraram em conflito por mais de duas horas no final da tarde de ontem, depois da prisão de um adolescente.
O jovem, de acordo com a polícia, levava 12 trouxinhas de cocaína e uma de maconha. Na versão apresentada pelos policiais, o adolescente é conhecido na região por tráfico de drogas.
O delegado Gilberto Silva Pereira, do 73º DP, afirma que o menor já teve quatro passagens por porte de entorpecentes e estava em liberdade assistida.
Já os moradores dizem que a droga foi "plantada" pela polícia. Eles afirmam que o adolescente, de 16 anos, saía de um local conhecido como favela do Gardenal, ao lado de um amigo, quando foi abordado por policiais civis à paisana.
Segundo os moradores, que não quiseram se identificar, os policiais tiraram a droga do carro e a colocaram no bolso do menor. Eles não souberam dizer o motivo da suposta ação dos policiais.
O delegado afirmou que, na verdade, o menor tentou se livrar das drogas e jogou tudo longe quando foi abordado.

O conflito
Cerca de duas horas após a prisão, os moradores atearam fogo em pneus e pedaços de madeira e fecharam a rua Álvaro dos Santos, no Jardim Brasil.
A Polícia Militar afirma que a manifestação foi estimulada por traficantes da região. Os moradores, porém, dizem que o protesto foi por "revolta" em razão da arbitrariedade policial.
O corre-corre começou depois que os policiais, até então a 50 metros da barreira de fumaça, decidiram avançar para desbloquear a rua. O fogo foi então controlado, mas a confusão se espalhou por ruas próximas.
Toda vez que os PMs, armados até com metralhadoras, decidiam se movimentar, os moradores -principalmente crianças- jogavam pedras em direção aos veículos, o que provocava um novo corre-corre.
Os policiais atribuíram parte da confusão à presença de redes de TV e de fotógrafos, que acabariam incentivando indiretamente a ação dos moradores. Um carro da TV Record chegou a ser sacudido por manifestantes.
Apesar de toda essa confusão, não houve registro de presos nem de feridos. A PM não informou o número de policiais envolvidos na ação, mas ao menos cinco veículos circulavam pela região. Também não foi computada uma estimativa oficial do número de manifestantes.
(PEDRO DIAS LEITE)

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