São Paulo, terça-feira, 16 de março de 2004

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CRIME ORGANIZADO

Decisão inédita enfraquece facção

Justiça condena dois integrantes do PCC por formação de quadrilha

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer parte do PCC (Primeiro Comando da Capital) rendeu ontem a primeira condenação judicial por formação de quadrilha. E, surpreendentemente, os primeiros condenados não fazem parte da liderança da facção criminosa.
Os dois réus exerciam funções coadjuvantes no PCC. Mas a decisão, apesar de não envolver líderes, representa um golpe contra a facção, segundo o Ministério Público. "Em sentença, é a primeira vez que o PCC é reconhecido como organização criminosa, o que aumenta a chance de os outros membros também serem condenados", afirma o promotor Márcio Christino, que fez a denúncia à Justiça em 2003.
Ontem, o juiz da 14ª Vara Criminal de São Paulo, Pedro Luiz Aguirre Menin, condenou Rosângela Aparecida Legramandi Peres, a Fia, Rogério Jeremias de Simone, o Gege do Mangue. Com pena de cinco anos por formação de quadrilha e porte de munição proibida, Fia trabalharia na contabilidade do PCC. Gege do Mangue era piloto -controlava uma unidade prisional- e recebeu pena de três anos e seis meses por formação da quadrilha.
Fia e Gege do Mangue eram figuras desconhecidas até o episódio no qual foi apreendido um bilhete na Penitenciária 1 de Avaré. Ele seria destinado a Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder do PCC, e informava o assassinato, em uma emboscada, do juiz de Presidente Prudente Antonio José Machado três dias após o crime, ocorrido no dia 14 de março de 2003.
O bilhete seria de Gege do Mangue e afirmava que Fia pedira para avisar Marcola sobre a morte.
O bilhete não provou envolvimento do PCC na morte, mas reforçou a ligação dos dois com a facção. Depoimentos de mulheres de líderes do PCC à Justiça também comprometeram Fia.
De 30 a 40 membros do PCC foram indiciados por formação de quadrilha. A sentença de Fia e Gege do Mangue foi mais rápida, segundo a Promotoria, porque o processo não exigia degravação de escutas telefônicas.
A reportagem não conseguiu localizar os advogados dos dois condenados. Na Justiça, eles negaram ligação com o PCC. Fia disse que encontrou a munição em um ônibus que fretava para transportar familiares de presos.


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