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SEGURANÇA
Sistema de vídeo de universidade próxima a local onde militares dizem ter achado armas não registrou movimentação
Câmera e depoimento contradizem Exército
ITALO NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Câmera de imóvel da Universidade Cândido Mendes, na estrada
das Canoas -instalada a 1,5 km
do local onde o Exército diz que
encontrou as armas roubadas-,
não registrou movimentação de
nenhum veículo das Forças Armadas durante a tarde e a noite de
terça-feira. O endereço do imóvel
é um dos dois acessos ao "Esqueleto", local próximo de onde o
Exército afirma ter encontrado as
armas roubadas do ECT (Estabelecimento Central de Transportes), em São Cristóvão.
Segundo o gerente do Centro de
Treinamento da universidade,
Sérgio Candido, a empresa de segurança Estrela Azul, responsável
pela vigilância do imóvel, revê as
fitas todos os dias e nenhuma movimentação diferente foi notada.
"Apenas carros da polícia que
fazem as rondas normais aqui na
estrada", afirmou. "Causou-me
surpresa a notícia de que acharam
[as armas] aqui. A polícia fez treinamento aqui de quarta a sexta-feira. Não seria o lugar ideal para
deixar essas armas."
O imóvel da universidade fica
no número 3.520 da estrada das
Canoas, a 1,5 quilômetro da entrada da rua do "Esqueleto". Quem
vem do Alto da Boa Vista em direção ao local, passa obrigatoriamente em frente à universidade.
O outro acesso possível é pela entrada na estrada Lagoa-Barra, em
São Conrado. Funcionários da loja Pau Brasil, que fica na esquina
da via com a estrada das Canoas,
não viram nenhum carro militar
passar pela área à noite.
No caminho de São Conrado ao
"Esqueleto", a Vila das Canoas é
passagem obrigatória. Funcionário de uma farmácia à beira da estrada diz não ter visto nenhum
veículo militar subindo em direção ao "Esqueleto", embora tenha
trabalhado "até umas 19h30".
Além dele, dois caseiros de imóveis em frente à rua de acesso ao
local também afirmam não terem
visto carros do Exército por lá.
Esqueleto
O "Esqueleto" é a estrutura da
obra do que seria o Gávea Tourist
Hotel, paralisada há mais de 40
anos devido à falência da incorporadora, a Companhia Califórnia
de Investimentos. Na rua que dá
acesso ao prédio, há uma placa,
encoberta por plantas, que diz:
"Imóvel arrecadado pelo juiz de
direito da 5ª Vara Cível da capital
da massa falida da Cia. Califórnia
de Investimentos".
O edifício tem 11 andares, mais
dois de garagem, e é projetado para ter 440 apartamentos, de 23
metros quadrados cada. O prefeito Cesar Maia publicou no "Diário Oficial" do município em 18 de
maio de 2001 instrução a secretarias e à subprefeitura da zona sul
para que o local fosse utilizado de
alguma forma pelo poder público.
Rocinha
Um dia após a ocupação da
maior favela da América Latina,
moradores da Rocinha não fizeram reclamações dos militares
que ali estiveram anteontem. De
acordo com eles, o único transtorno foi o fechamento da estrada da
Gávea e da via Ápia, principais
acessos à comunidade.
"As carnes que recebemos hoje
[ontem] era para terem chegado
ontem [anteontem]", afirmou
funcionária de um açougue da favela, que preferiu não se identificar. Crianças também tiveram dificuldades de ir e voltar das escolas, segundo relatos.
Ontem o movimento voltou ao
normal. Inclusive com a subida de
caminhões entregando mercadorias. "Sabe como é favela. Temos
dias complicados e dias tranqüilos. Ontem [anteontem] e hoje
[ontem] foram dias calmos", afirmou uma moradora.
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