São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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CPI vai manter sigilo sobre depoimentos

da Reportagem Local

O nome de pessoas que vão depor na CPI da máfia, a partir da próxima quinta-feira, vão ser mantidos em sigilo por receio de que elas sejam ameaçadas.
A decisão foi tomada ontem, quando também ficou acertado que a apuração vai começar pelas regionais Penha e Sé.
As medidas foram anunciadas após reunião dos vereadores que integram a comissão com promotores e delegados que já investigam as denúncias de corrupção envolvendo órgãos da prefeitura.
A regional Penha é controlada politicamente por Vicente Viscome (sem partido).
Na Sé, o controle pertence ao ex-vereador e atual deputado Hanna Garib (PPB).
"Foi um acordo consensual", disse o vereador José Eduardo Cardozo, que comanda os trabalhos da comissão.
Na CPI, três dos cinco vereadores pertencem à base governista, da qual Garib e Viscome fazem parte.
A decisão de a investigação começar por duas regionais, segundo Cardozo, foi um acordo para que os trabalhos da CPI não prejudiquem as investigações que estão sendo feitas pelo Ministério Público e pela polícia.
Na prática, a CPI vão apurar o que já foi investigado pelo Ministério Público e delegados.
A diferença é que a comissão vai enfatizar, na sua apuração, a possibilidade de vereadores ou outros políticos e até servidores estarem envolvidos em um esquema de corrupção.
O objetivo é investigar possíveis infrações político-administrativas, que podem levar, por exemplo, à cassação de um vereador.
Esse aspecto das denúncias, segundo Cardozo e advogados ouvidos pela Folha, não é levado em consideração nas investigações que estão sendo feitas pela polícia e pelo Ministério Público.

Protesto
A reunião de ontem entre os integrantes da CPI, promotores e delegados começou com um protesto da vereadora Anna Martins (PC do B).
Ela contestou decisão da comissão de limitar a participação na reunião de ontem à tarde a seus integrantes.
Durante a reunião, segundo os integrantes da CPI, os promotores do Ministério Público e os delegados, relataram o andamento das investigações que estão fazendo e discutiram os rumos da investigação da CPI.
"Não soube nada que já não sabia", disse o vereador Wadih Mutran (PPB), sobre o relato dos promotores.
Ele disse que a comissão ainda não recebeu os relatórios sobre os depoimentos tomados pela polícia e promotores desde que a investigação começou, em dezembro passado.


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