São Paulo, Terça-feira, 16 de Março de 1999
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MEDICAMENTOS
Dois novos remédios contra disfunção erétil são aprovados pelo Ministério da Saúde
Viagra ganha novos concorrentes

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

Duas novas drogas orais contra disfunção erétil ou impotência sexual foram aprovadas na última sexta-feira pelo Ministério da Saúde. Em três meses, devem estar nos balcões das farmácias.
Num mercado onde o Viagra reinou sozinho por quase um ano, a chegada de dois "primos" de uma só vez chama a atenção. A previsão dos especialistas -em urologia e em mercado- é que haverá lugar para todos. Projeção feita a partir de um grande estudo norte-americano de 1994 indica que 100 milhões de homens têm ou tiveram alguma disfunção erétil. No Brasil, seriam de 15 a 17 milhões de homens entre 40 e 70 anos.
Os dois novos medicamentos utilizam o princípio ativo da substância fentolamina, empregada até os anos 70 como remédio para hipertensão pela Ciba. Agora, a mesma substância está sendo lançada por dois laboratórios com indicação para impotência: a Regitina, do laboratório Novartis, e o Vasomax, pelo Schering-Plough.
A atuação da Regitina e do Vasomax é diferente do Viagra, cuja droga de ação é o sildenafil. O sildenafil bloqueia a fosfodiesterase, enzima que impede a ação de um neurotransmissor conhecido como GMP cíclico, responsável pelo relaxamento da musculatura lisa do pênis. Sem a ação da enzima, os vasos dilatam, há mais sangue no pênis e mais ereção.
Já a fentolamina inibe a ação da noradrenalina, um hormônio produzido em situações como medo e estresse. Ao conter esse hormônio, a droga leva a uma vasodilatação, resultando em maior irrigação e consequente ereção.
O Vasomax já foi lançado no México e está em fase de aprovação pelo FDA, órgão norte-americano que controla alimentos e medicamentos. A Regitina já está à venda na Argentina e também aguarda aprovação do FDA.
A cartela com quatro comprimidos do Vasomax deve custar entre R$ 54,00 e R$ 57,00, preço equivalente ao do Viagra. A Regitina ainda não tem preço determinado.
Como os três medicamentos são vendidos sob receita, caberá ao médico indicar o melhor para seu paciente. O que não impede que os laboratórios façam a sua campanha. Os dois recém-chegados lembram que o Viagra apresentou problemas em pacientes com angina que se medicam com nitratos. Esta contra-indicação, aliás, aparece na bula do remédio. "Por causa de sua rapidez na absorção e na eliminação, nenhum efeito colateral foi registrado com o Vasomax", diz Marcelo Lima, diretor médico da Schering-Plough.
Já a Pfizer, que produz o Viagra, afirma que a eficácia de seu medicamento é muito maior que a dos concorrentes. "Todos os estudos com o Viagra mostram uma eficácia de 70% a 80%", diz Valdair Pinto, diretor médico da Pfizer,
Para Ronaldo Damião, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, novas drogas contra disfunção erétil são bem-vindas. "Hoje, um paciente sob cuidados médicos não tem mais porque sofrer desse mal", afirma.


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