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Descriminalizar
é prematuro, diz
general Uchôa
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado por ministérios
petistas a adotar a tese da descriminalização do uso de drogas, o secretário nacional Antidrogas, Paulo Miranda Uchôa,
diz que ainda é cedo para a sociedade dar esse passo e que seria "prematuro" não punir o
uso de entorpecentes no país.
"Não podemos nos precipitar. A discussão não deve acontecer de forma intempestiva, e
sim sóbria", afirmou.
A visão do secretário, que é
general reformado do Exército,
se choca com as diretrizes do
Ministério da Saúde. Trechos
de documento divulgado pela
Folha anteontem mostram que
a pasta defende oficialmente a
descriminalização do uso de
drogas ilícitas, como maconha
e cocaína.
A Folha apurou que os ministérios da Saúde e da Justiça
têm mantido um "canal de diálogo" sobre a descriminalização das drogas. As duas pastas
concordam com a idéia e tentam convencer a secretaria de
Uchôa do assunto.
O general diz que a posição
da Senad está amparada em
convenções da ONU, das quais
o Brasil é signatário.
Segundo o secretário, a proibição do uso visa "resguardar"
a sociedade. Para ilustrar,
Uchôa relata que a comunidade científica tem duas certezas
a respeito dos narcóticos.
Por um lado, sabe-se que seu
uso provoca "danos severos" e
por outro, não se conhece ainda todas as consequências do
uso para o organismo humano.
Essas duas "idéias-força", como diz o general, representam
que o governo deve ser muito
responsável antes de decidir
não punir os usuários de entorpecentes. A sociedade brasileira, por exemplo, ainda não teria acesso a informações e amadurecimento para discernir
por si mesma sobre o assunto.
Uchôa cita como exemplo da
política do governo a restrição
cada vez maior do uso do cigarro. "Enquanto se está proibindo as drogas lícitas, tem gente
que vem querendo liberar o
uso de drogas ilícitas."
Segundo ele, a descriminalização seria a prévia da liberação de entorpecentes no país. O
que resultaria em um "desastre
na saúde pública".
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