São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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AMBIENTE

Grande SP teve no ano passado mais dias com o poluente em excesso no ar; motocicleta é considerada "vilão"

Aumenta poluição por monóxido de carbono

DA REPORTAGEM LOCAL

O relatório anual da qualidade do ar de 2003, divulgado ontem pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), do governo paulista, mostrou um aumento de ocorrências de excesso de monóxido de carbono (CO) e uma redução nas de ozônio (O3) e de partículas inaláveis (PI) em relação ao ano anterior.
Enquanto em 2002 houve excesso de monóxido de carbono em 16 dias na Grande São Paulo, em 2003 isso ocorreu durante 22 dias. Altos níveis do poluente podem causar danos à saúde como os problemas de reflexos, de aprendizado, de trabalho e de visão.
No ano passado, São Caetano do Sul teve o pior resultado, com dez ultrapassagens. Em seguida estão Congonhas e o centro de Santo André (ambos com cinco) e o centro de São Paulo (dois).
Para a Cetesb, a evolução do número de ultrapassagens está ligada ao clima. Durante um terço do ano, as condições meteorológicas foram "desfavoráveis para a dispersão da poluição". Segundo a companhia, 41 dias -contra 30 dos anos anteriores- apresentaram condições totalmente impróprias para a boa qualidade do ar.
"Em 2003, nós tivemos um inverno completamente seco, ruim para a dispersão da poluição. O período foi de maio a setembro", explicou o diretor-presidente Rubens Lara.
Lara citou ainda as motos como "vilões" da boa qualidade do ar. "Enquanto um carro novo emite 0,40 gramas de monóxido de carbono por quilômetro, uma moto nova joga 6,25 g/km. A motocicleta polui 15 vezes."
No ano passado, as motos foram responsáveis por 14,6% do monóxido de carbono jogado no ar. Foi o único grupo de agentes poluentes que teve sua participação aumentada nos últimos dois anos, enquanto todos os outros -carros a gasolina e a álcool, veículos a diesel e indústrias- tiveram sua participação diminuída.
Em 2001, as motocicletas foram responsáveis por 12,9% da poluição por monóxido de carbono. Em 2002, esse número subiu para 13,8% e em 2003, para 14,6%.
De acordo com Jesuíno Romano, gerente da Divisão de Qualidade do Ar da Cetesb, há cerca de 6 milhões de carros na região metropolitana de São Paulo e 430 mil motocicletas. A poluição acontece porque as motos rodam 6 vezes mais que os carros durante sua vida útil. "É um meio de serviço mais rápido."

Ozônio
Embora tenha apresentado um resultado menor em 2003, em relação a 2002 (72 ultrapassagens contra 82), o ozônio é o elemento que mais excede o padrão em todas as estações medidoras da companhia em diferentes épocas do ano. No ano passado, 18 das ultrapassagens foram registradas em fevereiro. Já em 2002, 22 delas aconteceram em outubro. De acordo com a Cetesb, "ainda não é possível estabelecer uma tendência" para o elemento.
Para a saúde, o alto nível de ozônio pode causar irritação nos olhos e vias respiratórias e a diminuição da capacidade pulmonar. A exposição a grandes quantidades do poluente pode causar ainda sensação de aperto no peito, tosse e chiado.
Na capital paulista, as regiões que tiveram mais ultrapassagens de padrão de ozônio foram Santo Amaro (14), Mauá (13), Ibirapuera (12) e Santana (dez). O relatório aponta que "muitos dos dias de altas concentrações são fins de semana" e que isso poderia mostrar uma ineficiência do rodízio de veículos na cidade.


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