São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2004

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MORTE EM PERDIZES

Segundo Domingos Andrade, sua mulher falou em possível coação por temer repercussão do caso

Vigia confirma ter visto Gil sair da casa

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O vigia de rua Domingos Ramos Oliveira Andrade, 39, confirmou ontem ao Ministério Público ter visto Gil Grecco Rugai, 21, sair da casa do pai, o empresário Luiz Carlos Rugai, 40, cerca de dez minutos após ouvir tiros no local e deu novos detalhes do caso. Andrade, principal testemunha da investigação, está sob proteção policial desde anteontem.
Rugai e a mulher dele, Alessandra, 33, foram mortos a tiros em casa, em Perdizes (zona oeste de SP), por volta das 21h do dia 28 de março. Principal suspeito, Gil teve prisão temporária de 15 dias decretada pela Justiça, prazo que vence na próxima terça-feira.
Uma suspeita de que Andrade teria sido coagido pela polícia no primeiro depoimento foi o principal argumento usado no pedido à Justiça de revogação da prisão temporária, protocolado ontem pelos advogados de Gil.
A decisão do juiz Cassiano Ricardo Zorze Rocha, do 5º Tribunal do Júri -que só será dada depois de um posicionamento do Ministério Público- deve sair nos próximos dias.
Segundo o advogado Fernando José da Costa, a polícia não tem provas contra Gil e o depoimento do vigia é contraditório. No pedido de revogação de prisão, Costa citou gravação da mulher do vigia, divulgada pelo "Fantástico", da TV Globo, na qual ela sugere que o marido foi coagido pela polícia a falar que viu Gil sair da casa na noite do crime.
Ontem, porém, Andrade confirmou à promotora Mildred Gonzalez Campi, designada para acompanhar o caso, o que já dissera à polícia. Segundo ele, sua mulher falou da possível coação porque ficou com medo da repercussão do caso.
Andrade afirmou à promotora que, na conversa divulgada, sua esposa falou por telefone com uma mulher que ligou para sua casa e se identificou como sendo da Corregedoria da Polícia Civil.
No novo depoimento, ocorrido ontem à tarde, no Fórum da Barra Funda (zona norte de SP), o vigia confirmou que viu Gil e o outro jovem saindo pelo portão dos fundos da casa das vítimas. Para a promotora, Andrade descreveu a cena em detalhes. O segundo depoimento foi acompanhado por dois advogados.
O vigia disse que saiu da guarita ao ouvir os tiros na casa de Rugai. Da calçada, do outro lado da rua, afirmou ver Gil e outro jovem saindo da casa. Com medo, Andrade diz que entrou novamente na guarita e, dali, afirma ter visto os dois suspeitos passarem. A defesa sustentava que o vigia não tinha condições de enxergar pessoas saindo da casa de dentro da sua guarita.
Andrade diz não ter dúvidas de que se tratava de Gil, pois trabalhava de vigia no local há oito anos. Segundo Andrade, o filho mais velho de Rugai vestia calça social, camisa, suspensórios e uma capa amarela. Ele não consegue identificar o outro suspeito.
A promotora de Justiça deve concluir até hoje à tarde o seu posicionamento sobre o pedido de revogação da prisão temporária. "A principal testemunha confirmou seu depoimento. Não vejo motivo para revogar a prisão do principal suspeito", disse Campi, já adiantando o seu parecer.
Andrade não quis ingressar no programa de proteção a testemunhas -que exige a saída da testemunha do convívio social- , mas aceitou a proteção de policiais do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). Um carro da polícia está 24 horas por dia na frente da casa do vigia.


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