São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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ALERTA GASTRONÔMICO

Após surto causado pelo consumo do alimento cru, importadoras aceitam exigência de associação

Restaurantes importarão salmão congelado

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A ABCJ (Associação Brasileira de Culinária Japonesa) assinou ontem um termo de compromisso, registrado em cartório, com os sete maiores importadores de salmão para que o peixe seja congelado na sua origem segundo as regras estabelecidas pelo Ministério da Saúde brasileiro.
Desde a última terça-feira, 101 restaurantes japoneses de São Paulo deixaram de servir salmão como forma de pressionar os importadores a assinar o termo de compromisso. Hoje, quase 90% do salmão consumido no país chega em estado natural, principalmente do Chile.
Nesta semana, o ministro José Fritsch (Secretaria Especial da Aqüicultura e Pesca) chegou a anunciar que estudava proibir a importação de salmão fresco.
Mas há problemas de o Brasil adotar isso como regra porque existe um conjunto de determinações da OMC (Organização Mundial do Comércio) que proíbe a exigência, além dos acordos comerciais entre Brasil e Chile, segundo a ABCJ. Por isso, a sugestão do governo aos proprietários de restaurantes japoneses foi de um acordo com os importadores.
Com o congelamento, os restaurantes esperam colocar um ponto final na crise instalada na gastronomia japonesa, após a divulgação de um surto de difilobotríase, infecção intestinal causada pelo parasita Diphyllobothrium spp, que pode se alojar no peixe. O principal suspeito é o salmão.
Em São Paulo, foram registrados 28 casos da infecção intestinal em um ano. Também foram confirmados casos no Rio, Ribeirão Preto (SP) e Brasília.
Autoridades sanitárias brasileiras, baseadas em estudos do FDA, recomendaram que o peixe só seja consumido após congelamento a temperatura de -20C (por sete dias) ou por -35C (por 15 horas).
"Temos absoluta certeza de que essas recomendações serão cumpridas. Não há a menor possibilidade de o salmão congelado oferecer perigo à população", afirmou Paulo Barossi, do restaurante Nakombi, que integra a comissão de negociação da ABCJ.
Para Barossi, o prejuízo causado após divulgação do surto é "incomensurável". Nas últimas duas semanas, o movimento nos restaurantes caiu 60%. Em São Paulo, há 300 restaurantes especializados na culinária japonesa. "Há proprietários que já quebraram, outros estão com problemas de saúde e outros pensam em voltar para o Japão. Na última reunião, vários choraram."
Ontem, foram divulgados mais seis laudos negativos da apuração paralela que os restaurantes estão fazendo sobre a qualidade de sushi e sashimi de salmão. As análises foram realizadas pelo Food Safety, laboratório especializado no estudo microbiológico de restaurantes industriais.
Ao todo, nove das 21 análises deram resultados negativos. Cada restaurante enviou para análise cinco amostras.


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