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ALERTA GASTRONÔMICO
Após surto causado pelo consumo do alimento cru, importadoras aceitam exigência de associação
Restaurantes importarão salmão congelado
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A ABCJ (Associação Brasileira
de Culinária Japonesa) assinou
ontem um termo de compromisso, registrado em cartório, com os
sete maiores importadores de salmão para que o peixe seja congelado na sua origem segundo as regras estabelecidas pelo Ministério
da Saúde brasileiro.
Desde a última terça-feira, 101
restaurantes japoneses de São
Paulo deixaram de servir salmão
como forma de pressionar os importadores a assinar o termo de
compromisso. Hoje, quase 90%
do salmão consumido no país
chega em estado natural, principalmente do Chile.
Nesta semana, o ministro José
Fritsch (Secretaria Especial da
Aqüicultura e Pesca) chegou a
anunciar que estudava proibir a
importação de salmão fresco.
Mas há problemas de o Brasil
adotar isso como regra porque
existe um conjunto de determinações da OMC (Organização Mundial do Comércio) que proíbe a
exigência, além dos acordos comerciais entre Brasil e Chile, segundo a ABCJ. Por isso, a sugestão do governo aos proprietários
de restaurantes japoneses foi de
um acordo com os importadores.
Com o congelamento, os restaurantes esperam colocar um
ponto final na crise instalada na
gastronomia japonesa, após a divulgação de um surto de difilobotríase, infecção intestinal causada
pelo parasita Diphyllobothrium
spp, que pode se alojar no peixe.
O principal suspeito é o salmão.
Em São Paulo, foram registrados 28 casos da infecção intestinal
em um ano. Também foram confirmados casos no Rio, Ribeirão
Preto (SP) e Brasília.
Autoridades sanitárias brasileiras, baseadas em estudos do FDA,
recomendaram que o peixe só seja consumido após congelamento
a temperatura de -20C (por sete
dias) ou por -35C (por 15 horas).
"Temos absoluta certeza de que
essas recomendações serão cumpridas. Não há a menor possibilidade de o salmão congelado oferecer perigo à população", afirmou Paulo Barossi, do restaurante Nakombi, que integra a comissão de negociação da ABCJ.
Para Barossi, o prejuízo causado após divulgação do surto é
"incomensurável". Nas últimas
duas semanas, o movimento nos
restaurantes caiu 60%. Em São
Paulo, há 300 restaurantes especializados na culinária japonesa.
"Há proprietários que já quebraram, outros estão com problemas
de saúde e outros pensam em voltar para o Japão. Na última reunião, vários choraram."
Ontem, foram divulgados mais
seis laudos negativos da apuração
paralela que os restaurantes estão
fazendo sobre a qualidade de sushi e sashimi de salmão. As análises foram realizadas pelo Food
Safety, laboratório especializado
no estudo microbiológico de restaurantes industriais.
Ao todo, nove das 21 análises
deram resultados negativos. Cada
restaurante enviou para análise
cinco amostras.
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