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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura retira dos postos de saúde 100 dos 300 medicamentos oferecidos à população; lista não foi divulgada
Serra corta 1/3 dos remédios distribuídos
DA REPORTAGEM LOCAL
A administração José Serra
(PSDB) decidiu cortar 100 dos 300
remédios dos postos de saúde da
cidade de São Paulo sem consultar órgãos como o Conselho Regional de Medicina e o Conselho
Municipal de Saúde, este uma instância da própria pasta que deve
deliberar sobre as políticas.
Ontem, a secretaria, depois de
informar que o corte já está em
implantação nos postos, não forneceu a lista dos medicamentos
retirados a tempo do fechamento
desta edição, o que permitiria
uma avaliação de especialistas.
Segundo a pasta, trata-se de
uma racionalização definida por
consenso de técnicos da área. O
rol de remédios cortados completo só deverá ser divulgado em
maio, em um evento para jornalistas. "Importante não é a imprensa. Quem tem saber usar [a
lista] é o médico", disse o secretário da Saúde, Claudio Lottenberg.
Segundo o responsável pela
área de medicamentos da pasta,
Carlos Alberto Suslik, a lista poderá causar polêmica. "Vou dar o
exemplo do futebol. São onze jogadores, mas sempre há quem vai
achar que não é a melhor lista."
Suslik afirmou primeiramente
que os remédios cortados existiam na lista, mas eram entregues
"de forma irregular". "Quando
tudo é prioritário, nada é importante. Vamos comprar os mais
importantes". Disse ainda que o
município não tem condições de
comprar todas as drogas, mas que
todas eram necessárias. Mais tarde, afirmou que os remédios já
não são utilizados nos postos.
Por fim, a assessoria do prefeito
informou que se tratam de "remédios redundantes", cuja retirada
melhorará a logística das entregas. Segundo a assessoria, a lista
ainda está em discussão. O órgão
destacou que não faltam recursos
para medicamentos.
De acordo com Suslik, o objetivo agora é garantir que perto de
100% dos 200 remédios que restaram estejam disponíveis nos postos. Um levantamento feito pela
prefeitura em seu almoxarifado
central mostrou presença de 86%.
Mas a secretaria ainda desconhece a situação na ponta. "É muito
irregular", disse Suslik.
O Ministério da Saúde determina que os postos forneçam um
elenco mínimo de 19 remédios e
que os municípios componham o
restante da relação de drogas a
partir da Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais).
"Já denunciamos que não tem
medicamento. Eles dizem que está tudo centralizado e o problema
é abastecer os postos. Mas nunca
ocorreu essa discussão de cortar",
disse Celina Oliveira, coordenadora da secretaria-executiva do
Conselho Municipal de Saúde.
"Não havia excesso. A retirada
de cem produtos deve ter outro
significado", afirmou Gonzalo
Vecina, ex-secretário municipal
da Saúde.
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