São Paulo, sábado, 16 de abril de 2005

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ADMINISTRAÇÃO

Prefeitura retira dos postos de saúde 100 dos 300 medicamentos oferecidos à população; lista não foi divulgada

Serra corta 1/3 dos remédios distribuídos

DA REPORTAGEM LOCAL

A administração José Serra (PSDB) decidiu cortar 100 dos 300 remédios dos postos de saúde da cidade de São Paulo sem consultar órgãos como o Conselho Regional de Medicina e o Conselho Municipal de Saúde, este uma instância da própria pasta que deve deliberar sobre as políticas.
Ontem, a secretaria, depois de informar que o corte já está em implantação nos postos, não forneceu a lista dos medicamentos retirados a tempo do fechamento desta edição, o que permitiria uma avaliação de especialistas.
Segundo a pasta, trata-se de uma racionalização definida por consenso de técnicos da área. O rol de remédios cortados completo só deverá ser divulgado em maio, em um evento para jornalistas. "Importante não é a imprensa. Quem tem saber usar [a lista] é o médico", disse o secretário da Saúde, Claudio Lottenberg.
Segundo o responsável pela área de medicamentos da pasta, Carlos Alberto Suslik, a lista poderá causar polêmica. "Vou dar o exemplo do futebol. São onze jogadores, mas sempre há quem vai achar que não é a melhor lista."
Suslik afirmou primeiramente que os remédios cortados existiam na lista, mas eram entregues "de forma irregular". "Quando tudo é prioritário, nada é importante. Vamos comprar os mais importantes". Disse ainda que o município não tem condições de comprar todas as drogas, mas que todas eram necessárias. Mais tarde, afirmou que os remédios já não são utilizados nos postos.
Por fim, a assessoria do prefeito informou que se tratam de "remédios redundantes", cuja retirada melhorará a logística das entregas. Segundo a assessoria, a lista ainda está em discussão. O órgão destacou que não faltam recursos para medicamentos.
De acordo com Suslik, o objetivo agora é garantir que perto de 100% dos 200 remédios que restaram estejam disponíveis nos postos. Um levantamento feito pela prefeitura em seu almoxarifado central mostrou presença de 86%. Mas a secretaria ainda desconhece a situação na ponta. "É muito irregular", disse Suslik.
O Ministério da Saúde determina que os postos forneçam um elenco mínimo de 19 remédios e que os municípios componham o restante da relação de drogas a partir da Rename (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais). "Já denunciamos que não tem medicamento. Eles dizem que está tudo centralizado e o problema é abastecer os postos. Mas nunca ocorreu essa discussão de cortar", disse Celina Oliveira, coordenadora da secretaria-executiva do Conselho Municipal de Saúde.
"Não havia excesso. A retirada de cem produtos deve ter outro significado", afirmou Gonzalo Vecina, ex-secretário municipal da Saúde.


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