São Paulo, segunda-feira, 16 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Adolescente baleada diz acreditar que voltará a andar em seis meses

MARIANNE PIEMONTE
DA REVISTA DA FOLHA

Com a unha feita, esmaltada com um lilás claro, cabelo escovado e brilho nos lábios, Priscila Aprígio da Silva, 13, estava pronta às 10h de ontem para receber alta do Hospital Alvorada, onde estava internada desde 15 de março.
A menina, que ficou paraplégica depois de ter sido atingida por uma bala perdida, durante um tiroteio em Moema (zona sul de São Paulo), em 28 de fevereiro, diz que pretende voltar a andar em seis meses. "Os médicos me falaram que essa avaliação é difícil, mas vejo meus dedos do pé mexerem e tenho muita fé em Deus", disse a garota, que é fiel à Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Oito quilos mais magra, devido a dificuldade de se alimentar deitada, ela apareceu no saguão do hospital com os pais, o sapateiro desempregado Isaias da Silva, 40, e a doméstica Maria de Fátima Aprígio, 47. Juntos, seguiram para o flat na Vila Mariana onde ela e a mãe irão morar até que sua casa no Embu (Grande SP) esteja adaptada.
Apesar da proximidade com a Divisão de Medicina para Reabilitação do Hospital das Clínicas, onde fará sete horas diárias de fisioterapia e tratamentos, Priscila começou a demonstrar os primeiros sinais de irritabilidade.
"Não tenho nada para fazer aqui. Estou olhando para o teto. Não passa nada bom na televisão e não tem internet no flat." Ela conta que as amigas não conseguiram visitá-la por causa da distância.
Atualmente, sua única distração é um i-Pod com que uma desconhecida a presenteou. E o que ela gostaria de fazer hoje? "Voltar para o hospital", responde.
Lá, ela conta que as enfermeiras brincavam de salão de beleza com ela, a colocavam para atender o telefone do posto de enfermagem, fora os "rachas" de cadeira de rodas que disputava com os seguranças. "Aqui, mal tem espaço para a minha mãe", diz.
"Foi tanto mimo que ela acostumou", desabafa a mãe, atualmente desempregada. "Pior é que nem dinheiro para levá-la para distrair no shopping nós temos, porque estamos vivendo de ajuda."


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Casos de dengue no Estado de SP sobem 33% na 1ª quinzena do mês
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.