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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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BARBARA GANCIA

Quem pagou o pato foi o Sigmaringa

Como diz o comercial da TV, estou precisando rever os meus conceitos. Passei a semana toda tentando entender como dona Vilma Martins, a falsa mãe de Pedrinho, conseguiu se esconder debaixo do sofá na casa da amiga. Ora bolas! Depois de três meses de dieta, eu mal consigo esconder a perna debaixo do sofá, que dirá o corpo inteiro.
A turma fica discutindo qual o castigo ideal para o crime inédito de dona Vilma, o de roubar dois bebês de mães diferentes. Pois eu tenho uma sugestão: ela deveria ser obrigada a consultar periodicamente o ginecologista que a TV mostrou nesta semana, que faturava ao encaminhar mulheres para fazer exame de próstata.
Esse médico lembra aquela piada do português que não sabe o que fazer com o supositório e liga para o clínico-geral. Depois de muita conversa e o português ainda sem entender o procedimento, o médico diz claramente o que deve ser feito. Ao que o português reage: "Tudo bem, doutoire, não precisa ficar bravo!".
E o Menem, hein? Saiu de fino e deixou seu país para ser governado pelo sósia do ex-técnico da seleção argentina César Luís Menotti. Ainda bem que o Menem se tocou. Um sujeito que é obrigado a ficar de boca calada depois de ver o próprio filho ser assassinado e a mulher pirar por conta tinha mais é que estar em algum filme como "Os Bons Companheiros", e não na Casa Rosada.
E eu preciso rever correndo os meus conceitos. Tinha a impressão de que Lula fosse uma espécie de Heloísa Helena de barba. Mas sua atual simpatia não condiz com a imagem do militante rabugento de outros Carnavais. O presidente está se revelando um emérito boa-praça e transformou a Granja do Torto no lugar mais divertido do planeta. O episódio da caça ao pato do último fim de semana deve ser bem aproveitado por Denise Fraga no quadro "Dias de Glória", do "Fantástico". Já posso ver o presidente e a primeira-dama correndo atrás do pato, que deveria ter ido parar na caçarola para ser cozinhado por dona Marisa, e a entrada em cena do deputado Sigmaringa Seixas tentando capturar o almoço. Em vez de terminar em pato com laranja, o domingo do presidente culminou com o deputado do PT levando 17 pontos na perna.
E a gente ainda se pergunta como há quem confunda a vida real com a novela. Que telespectador saberá identificar o que é realidade e o que é ficção se o episódio da caça ao pato na Granja do Torto for parar na TV?


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