São Paulo, terça-feira, 16 de maio de 2006

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Policiais associam indulto a ataques

DA REPORTAGEM LOCAL

Representantes de entidades de policiais civis e militares e dos promotores acreditam que os presos que receberam indulto para passar o Dia das Mães fora da cadeia podem estar envolvidos nos ataques a mando do PCC.
"Eles saem da cadeia já instruídos", diz André Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil. O mesmo pensa o presidente da Associação dos Cabos e Soldados da PM, cabo Wilson Moraes. "Não tenho dúvidas de que os indultados podem ter participação [nos ataque]", completa.
O procurador João Antonio Garreta Prats, presidente da Associação Paulista do Ministério Público, critica a concessão de indultos pela Justiça. "Esse quadro de violência tem muito a ver com essa saída temporária. Os que saíram podem ajudar a cometer os delitos, e muitos não vão voltar", afirmou o procurador.
Até agora, o perfil dos suspeitos presos sob acusação de envolvimentos nos ataques não corrobora com a crença dos policiais e do procurador. Dos 88 detidos até ontem, apenas um era indultado.
A Secretaria da Administração Penitenciária não tem dados exatos de quantos presos saíram da cadeia no último fim de semana com indultos autorizados pela Justiça. Os processos tramitam separadamente nas varas de execução. Estima-se em 12 mil. O balanço de quantos retornaram à cadeia, depois das "férias" de cinco dias, sai na próxima sexta.
O procurador João Prats defende a criação de leis para punir o "terrorismo" que atinge o Estado de São Paulo, a restrição de visitas a presos e a redução de indultos para melhorar o controle do governo sobre as penitenciárias.
Para ele, o país vive uma "crônica de uma morte anunciada". "Não temos uma política nacional de segurança nem uma legislação para combater o terrorismo, não há instrumento legal para isso. E o que estamos vivendo é uma situação de perfeito terrorismo."
Prats afirmou que somente 1% dos presos hoje está efetivamente com a liberdade tolhida e não usa celular -nos presídios com regime mais rigoroso. "Temos 140 mil presos em São Paulo. Desses, 130 mil recebem visitas todas as semanas, inclusive visitas íntimas. Se cada preso receber dois visitantes por semana, serão 260 mil pessoas com informações. Não é só pelo celular que os grupos se comunicam", disse.
Ele ressalta que é muito importante que o preso tenha contato com sua família, mas a visita tem de ser supervisionada. "Já a visita íntima é criação nossa. Ela deveria ser exceção, só para premiar o preso que tem bom comportamento e não oferece risco."
(CLÁUDIA COLLUCCI E AFRA BALANZINA)


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