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Policiais associam indulto a ataques
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes de entidades de
policiais civis e militares e dos
promotores acreditam que os
presos que receberam indulto para passar o Dia das Mães fora da
cadeia podem estar envolvidos
nos ataques a mando do PCC.
"Eles saem da cadeia já instruídos", diz André Di Rissio, presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil. O mesmo
pensa o presidente da Associação
dos Cabos e Soldados da PM, cabo Wilson Moraes. "Não tenho
dúvidas de que os indultados podem ter participação [nos ataque]", completa.
O procurador João Antonio
Garreta Prats, presidente da Associação Paulista do Ministério Público, critica a concessão de indultos pela Justiça. "Esse quadro de
violência tem muito a ver com essa saída temporária. Os que saíram podem ajudar a cometer os
delitos, e muitos não vão voltar",
afirmou o procurador.
Até agora, o perfil dos suspeitos
presos sob acusação de envolvimentos nos ataques não corrobora com a crença dos policiais e do
procurador. Dos 88 detidos até
ontem, apenas um era indultado.
A Secretaria da Administração
Penitenciária não tem dados exatos de quantos presos saíram da
cadeia no último fim de semana
com indultos autorizados pela
Justiça. Os processos tramitam
separadamente nas varas de execução. Estima-se em 12 mil. O balanço de quantos retornaram à
cadeia, depois das "férias" de cinco dias, sai na próxima sexta.
O procurador João Prats defende a criação de leis para punir o
"terrorismo" que atinge o Estado
de São Paulo, a restrição de visitas
a presos e a redução de indultos
para melhorar o controle do governo sobre as penitenciárias.
Para ele, o país vive uma "crônica de uma morte anunciada".
"Não temos uma política nacional
de segurança nem uma legislação
para combater o terrorismo, não
há instrumento legal para isso. E o
que estamos vivendo é uma situação de perfeito terrorismo."
Prats afirmou que somente 1%
dos presos hoje está efetivamente
com a liberdade tolhida e não usa
celular -nos presídios com regime mais rigoroso. "Temos 140 mil
presos em São Paulo. Desses, 130
mil recebem visitas todas as semanas, inclusive visitas íntimas.
Se cada preso receber dois visitantes por semana, serão 260 mil pessoas com informações. Não é só
pelo celular que os grupos se comunicam", disse.
Ele ressalta que é muito importante que o preso tenha contato
com sua família, mas a visita tem
de ser supervisionada. "Já a visita
íntima é criação nossa. Ela deveria
ser exceção, só para premiar o
preso que tem bom comportamento e não oferece risco."
(CLÁUDIA COLLUCCI E AFRA BALANZINA)
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