São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

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Grupo de extermínio com PMs é investigado

19 dias antes de o filho ser assassinado, mãe e vítima foram ameaçados por policial na porta de casa

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil de SP investiga cinco policiais militares suspeitos de integrar um grupo de extermínio que atua em sete bairros da zona leste de São Paulo. A suspeita é de que eles tenham matado ao menos 11 pessoas.
Segundo a investigação do DHPP (departamento de homicídios), os PMs se uniram para fazer uma "limpeza" nos bairros -o alvo do grupo seriam os usuários de drogas. A hipótese dos investigadores é que as mortes tenham sido cometidas para que o grupo assuma o comando dos pontos de venda de drogas da região.
Um dos crimes investigados é o assassinato do ex-motoboy Roberto Marcel Ramiro dos Santos. Trabalhando atualmente como camelô após sofrer um acidente de moto, Santos foi morto com mais de dez tiros às 4h35 do dia 8, quando completava 22 anos.
O atentado contra Santos foi na porta de sua casa, na Vila Invernada. Dezenove dias antes de ser assassinado, Santos e sua mãe, Janete Cristina Rodrigues, 49, foram ameaçados de morte por um policial militar do 21º Batalhão, onde atuam os cinco policiais sob investigação da Polícia Civil.
"Na véspera do feriado de 21 de abril, o Valdez [policial militar identificado pelo DHPP como Valdez Gonçalves dos Santos, 36] pegou meu filho na porta de casa e fui defendê-lo. O PM olhou nos meus olhos e disse: "vou matar seu filho e depois vou matar a senhora". O ódio dele com meu filho era porque o Cecel [Santos] fumava maconha", contou a dona de casa Janete à Folha.

Pedido de prisão
Hoje, com medo de também ser morta, dona Janete está escondida. O depoimento da mãe e de um amigo de Santos, que viu o PM Valdez dirigindo um carro da corporação minutos antes do atentado, são a base para um pedido de prisão do policial Valdez.
O veículo da Polícia Militar dirigido por Valdez era seguido por um Honda Fit prata e um Meriva preta. Numa segunda volta pela rua onde Santos foi morto, o mesmo carro da PM já não tinha mais o policial Valdez como motorista.
Na terceira volta, apareceram apenas os carros prata e preto, de onde partiram os tiros contra o ex-motoboy.

Atualização de reportagem por decisão judicial
Valdez Gonçalves dos Santos foi absolvido pela Justiça em 2014. Ele respondeu a processo criminal e foi absolvido sob o fundamento de que não há provas de que tenha ocorrido infração penal --a decisão transitou em julgado, ou seja, não há mais possibilidades de recurso.



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