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Grupo de extermínio com PMs é investigado
19 dias antes de o filho ser assassinado, mãe e vítima foram ameaçados por policial na porta de casa
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de SP investiga
cinco policiais militares suspeitos de integrar um grupo de extermínio que atua em sete bairros da zona leste de São Paulo.
A suspeita é de que eles tenham
matado ao menos 11 pessoas.
Segundo a investigação do
DHPP (departamento de homicídios), os PMs se uniram
para fazer uma "limpeza" nos
bairros -o alvo do grupo seriam os usuários de drogas. A
hipótese dos investigadores é
que as mortes tenham sido cometidas para que o grupo assuma o comando dos pontos de
venda de drogas da região.
Um dos crimes investigados
é o assassinato do ex-motoboy
Roberto Marcel Ramiro dos
Santos. Trabalhando atualmente como camelô após sofrer um acidente de moto, Santos foi morto com mais de dez
tiros às 4h35 do dia 8, quando
completava 22 anos.
O atentado contra Santos foi
na porta de sua casa, na Vila Invernada. Dezenove dias antes
de ser assassinado, Santos e sua
mãe, Janete Cristina Rodrigues, 49, foram ameaçados de
morte por um policial militar
do 21º Batalhão, onde atuam os
cinco policiais sob investigação
da Polícia Civil.
"Na véspera do feriado de 21
de abril, o Valdez [policial militar identificado pelo DHPP como Valdez Gonçalves dos Santos, 36] pegou meu filho na porta de casa e fui defendê-lo. O
PM olhou nos meus olhos e disse: "vou matar seu filho e depois
vou matar a senhora". O ódio
dele com meu filho era porque
o Cecel [Santos] fumava maconha", contou a dona de casa Janete à Folha.
Pedido de prisão
Hoje, com medo de também
ser morta, dona Janete está escondida. O depoimento da mãe
e de um amigo de Santos, que
viu o PM Valdez dirigindo um
carro da corporação minutos
antes do atentado, são a base
para um pedido de prisão do
policial Valdez.
O veículo da Polícia Militar
dirigido por Valdez era seguido
por um Honda Fit prata e um
Meriva preta. Numa segunda
volta pela rua onde Santos foi
morto, o mesmo carro da PM já
não tinha mais o policial Valdez
como motorista.
Na terceira volta, apareceram apenas os carros prata e
preto, de onde partiram os tiros
contra o ex-motoboy.
Atualização de reportagem por decisão judicial
Valdez Gonçalves dos Santos foi absolvido pela Justiça em 2014. Ele respondeu a processo criminal e foi absolvido sob o fundamento de que não há provas de que tenha ocorrido infração penal --a decisão transitou em julgado, ou seja, não há mais possibilidades de recurso.
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