São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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Tomógrafo quebra 5 vezes em 6 meses

DA REPORTAGEM LOCAL

Um tomógrafo de 11 anos que já quebrou cinco vezes nos últimos seis meses. Esse é o equipamento radiológico "de ponta" do hospital municipal Ermelino Matarazzo, zona leste de São Paulo, e o único da rede pública em uma região de 2 milhões de habitantes.
"Por mais problemas que tenha, ele ainda é nossa salvação", diz a diretora técnica do hospital, Rejane Calixto Gonçalves, 39. Segundo ela, o aparelho está no seu limite de vida útil. Construído para suportar de 70 a 80 mil cortes (chapas), o equipamento já realizou 120 mil.
O aparelho é utilizado para exames de diagnóstico de traumas cranianos e torácicos, provocados, geralmente, por tiros ou acidentes de carro. Os últimos problemas do equipamento foram causados por falhas na ampola (recipiente de vidro que faz parte do tubo de raios X), que precisaria ser trocada. A peça nova está em torno de US$ 150 mil.
Assim como o tomógrafo, os dois aparelhos de raios X do hospital também vivem quebrando. Há um terceiro equipamento, o único telecomandado, que possibilita o movimento da mesa, mas está quebrado há vários anos.
Segundo Roberto Morimoto, 53, coordenador hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde, a atual administração recebeu a rede de saúde "completamente sucateada". Além de os equipamentos não terem sido renovados, também não receberam manutenção durante dez anos.
Há apenas cinco tomógrafos, adquiridos em 1991, disponíveis em hospitais municipais. No ano passado, a prefeitura firmou uma parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) que tem possibilitado a manutenção dos equipamentos.
O próximo passo, segundo Morimoto, será a compra de 31 equipamentos radiológicos para as unidades básicas de saúde, outros 14 mais potentes para os hospitais municipais e mais 14 aparelhos de ultra-som. A licitação foi aberta no final do ano passado e a previsão é que a compra aconteça até o final deste ano.
No próximo ano, diz Morimoto, a secretaria espera comprar alguns equipamentos de alta tecnologia, como ressonância magnética e tomógrafos computadorizados, cujos preços variam de US$ 300 mil a US$ 1 milhão. A rede municipal de saúde não tem nenhum desses aparelhos.
Enquanto os projetos não se concretizam, a população que depende de um exame de alta complexidade precisa aguardar uma vaga nas agendas de hospitais, como Einstein, Beneficência Portuguesa e Incor. Quando realizado, o procedimento é pago pelo SUS. A fila de espera, porém, é, em média, de dois meses. "Se for uma emergência, conseguimos fazer imediatamente", diz Morimoto.
Nas áreas mais periféricas, como Itaquera e Perus, a prefeitura estuda a locação de equipamentos, especialmente ultra-sons, para atender à demanda.



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