São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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ENTREVISTA/SAÚDE

PSF não detecta transtornos

Ministério planeja capacitação este ano

DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em 1995 em serviços de atenção básica de 14 cidades do mundo (uma delas o Rio de Janeiro) revelou que aproximadamente 24% dos pacientes desses locais apresentavam desordens mentais, principalmente depressão, ansiedade e abuso de drogas.
Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários do PSF (Programa Saúde da Família), principal programa de atenção básica do governo brasileiro, ainda não têm treinamento para detectar transtornos mentais. Segundo Afra Suassuna Fernandes, coordenadora de qualificação do departamento da atenção básica da Secretaria de Políticas de Saúde do ministério, uma proposta de capacitação deve ser apresentada ainda neste para as prefeituras.
Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou que 50 milhões de brasileiros são hoje atendidos pelo programa.

Folha - Por que o PSF ainda não abrange a saúde mental?
Afra Fernandes - Estamos fazendo um movimento para que isso aconteça há algum tempo. Hoje, no país, existem 15 mil equipes do PSF. Alguns municípios já iniciaram a incorporação da saúde mental no nível da atenção básica: Sobral, no Ceará, Curitiba, o programa Qualis em São Paulo. No ano passado, o ministério fez um seminário para ouvir essas experiências. Obviamente isso depende da organização de uma rede de referência para assistência.
Você tanto pode atender os transtornos mentais na atenção básica como pode haver casos de média e alta complexidade. Esse seminário deu subsídios para estudarmos o assunto.

Folha - Como será a capacitação dos profissionais?
Afra - Um segundo momento de discussão é a capacitação dos profissionais. Tivemos um seminário internacional em abril, em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde. As equipes dos PSF não podem receber treinamento sem ter a supervisão de psiquiatras e psicólogos. A lógica é qualificar a equipe pelos pólos de capacitação do PSF, com equipes de supervisão.

Folha - Qual é o resultado das experiências que já existem?
Afra
- Com a equipe, você tem condições de dar suporte. Em São Paulo, encontramos uma mãe desesperada, sofrendo muito. Tinha falecido o seu marido e ela tinha perdido o emprego. A agente de saúde conseguiu ajudá-la dentro da própria comunidade, até achou escola para os filhos. Se não tivesse essa pessoa tão próxima, não se sabe o que poderia ter acontecido.



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