São Paulo, domingo, 16 de junho de 2002

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É necessário falar do sofrimento ao médico

REPORTAGEM LOCAL

O cardiologista recomendou à paciente: "a senhora precisa emagrecer". A resposta da mulher foi rápida: "o que o senhor me dá em troca da geladeira?".
O cardiologista José Francisco Saraiva, professor da PUC de Campinas, diz que gostaria de ter gravado a cena. A paciente passava por um grande sofrimento psíquico e "descontava" comendo muito. Espontaneamente, revelou tudo ao médico. De acordo com ele, a atitude é rara. A grande maioria das pessoas descarta a relação de um problema desses com uma doença. Os médicos recomendam que os pacientes tenham uma postura ativa e falem ao profissional (não importa a especialidade dele) sobre o sofrimento psíquico. Se o paciente não tem condições de reagir e de procurar ajuda, a família deve estar atenta para ajudar.
"A paciente pode falar abertamente com seu ginecologista que tem depressão. Se puder, o médico trata", diz o psiquiatra Dorgival Caetano. "Não existem psiquiatras suficientes para tratar todos os problemas psiquiátricos."
Estima-se que 5% da população já tenha sofrido ou esteja sofrendo de depressão, afirma Caetano. Estima-se que 1% sofra de esquizofrenia. Só estes exemplos provam que não há profissionais para atender a todos. Atuam hoje no Brasil cerca de 9 mil psiquiatras.
As especialidades que têm interface maior com a psiquiatria são: cardiologia, neurologia, endocrinologia, gastroenterologia, ginecologia e dermatologia. Algumas doenças do aparelho digestivo, por exemplo, têm componentes psíquicos como causa principal, explica o especialista Antonio Frederico Magalhães. "Os mecanismos de regulação do sistema digestivo são muito complexos e podem estar perturbados por um quadro de ansiedade".



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