São Paulo, segunda-feira, 16 de junho de 2008

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A dois meses do pedágio, Régis continua esburacada

Para usuários, condição da rodovia, sob gerência privada há 4 meses, pouco mudou

Previsão contratual é ter padrão semelhante ao das boas estradas estaduais depois de cinco anos, segundo concessionária

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A dois meses da cobrança de pedágio, a rodovia Régis Bittencourt, ligação com a região Sul do país, ainda mantém buracos espalhados em diversos trechos entre São Paulo e Paraná, fendas de 15 cm em viadutos ou pontes e sinalização precária.
A condição da estrada federal após quatro meses sob comando da iniciativa privada teve uma melhoria muito discreta, passando de "péssima" para "ruim", de acordo com a classificação majoritária entre dezenas de usuários entrevistados.
E, mesmo depois da instalação dos postos de cobrança, a previsão contratual indica que os motoristas precisarão de muita paciência para conseguir fazer uma viagem confortável.
Embora os reparos básicos (como a conclusão do tapa-buracos e a reposição de placas) sejam prometidos para até meados de agosto (sob pena de ser impedida de cobrar pedágio), a concessionária OHL diz que, assim como a rodovia Fernão Dias (ligação São Paulo-Minas Gerais), a Régis só precisa obrigatoriamente ter pavimentação equivalente às boas rodovias de SP em cinco anos.
O fluxo de veículos apenas no trecho da estrada de chegada a São Paulo chega a 30 mil/dia.
A Folha repetiu nos últimos dias uma vistoria já feita em dezembro de 2007 e janeiro de 2008 na mesma Régis, da capital paulista à divisa do Paraná.
As regiões mais complicadas são variadas, com destaque para as proximidades de Barra do Turvo (375 km de SP) e de Miracatu (180 km de SP). Alguns trechos esburacados foram recuperados, outros remendados -muitos, porém, sem sucesso.
"Não é recape, parece mais uma folha de papel. No dia seguinte os buracos voltam de novo", diz Adilson Bertoldo, 51, borracheiro da beira da rodovia e que segue satisfeito com as oportunidades de trabalho.
Há duas semanas, Jair Gonçalves, 32, estava na estrada logo depois do tombamento de um caminhão com madeira, próximo da vila Tatu, em Cajati (a 219 km de SP). "O motorista me disse que tombou por causa de um buraco. Foram seis acidentes seguidos", disse ele.
O serviço de atendimento com guinchos a cargo da OHL só começa a partir da metade de agosto. Câmeras e telefones de emergência, no fim do ano.
Nas curvas do sentido SP-PR, entre Cajati e Barra do Turvo, a mesma erosão no asfalto do começo deste ano, de 20 m a 30 m de extensão, continua. Pior, ainda aumentou um pouco e, desta vez, ocupa metade das três faixas de rolamento.
Em curvas perigosas entre Juquitiba e Miracatu, as defensas metálicas amassadas, destruídas e enferrujadas revelam insegurança e falta de proteção para quem passa por ali.
De sete pontes ou viadutos com fissuras, em cinco os problemas permanecem.
A melhoria mais visível é a retirada de mato ao longo da estrada, embora ainda haja trechos onde a sinalização siga encoberta pela vegetação.
As placas de orientação e alerta estavam em condição mais precária do que na última visita da reportagem à rodovia, no final de janeiro -seja pela ausência delas ou pelas que estão caídas, sujas ou pichadas.
Segundo a OHL, ainda não foram colocadas placas porque a instalação exige levantamento, além da capina prévia.
A concessionária diz que, em dois meses, quando está previsto o pedágio, deve ficar pronta só a reposição das placas existentes antes da concessão. Em pontos novos, só no fim do ano.
A concessão da Régis à iniciativa privada, como parte de sete trechos federais leiloados em 2007, ocorreu após anos de críticas à precariedade da via.
A estrada receberá seis praças de pedágio, localizadas nos kms 296 (Itapecerica da Serra), 368 (Miracatu), 427 (Registro), 485 (Cajati), 542 (Barra do Turvo) e 56 (Campina Grande do Sul). Cada um deles cobrará uma tarifa por eixo que, em valores corrigidos, deve ficar próxima de R$ 1,40.
O valor será bastante inferior ao cobrado nas rodovias concedidas pelo governo paulista.
Pela Régis, os motoristas deverão gastar menos de R$ 9 em mais de 400 km do trajeto de São Paulo até Curitiba (PR).


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