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CAOS NA BAHIA
Reunião é adiada e polícia ameaça voltar aos quartéis
Reuters
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Com a presença de soldados do Exército, moradores e turistas voltaram ontem às ruas de Salvador |
Grevistas, que voltaram parcialmente ao trabalho, dizem esperar proposta só até hoje pela manhã
EDUARDO SCOLESE
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Sem nenhuma nova proposta
salarial para fazer à categoria, o
governo baiano frustrou ontem
os líderes da greve dos policiais civis e militares ao adiar uma reunião marcada para as 16h30 e que
poderia pôr fim ao movimento
iniciado há 12 dias. Até agora, a
oferta oficial continua sendo o índice de 14%, já rejeitado.
Depois de uma longa reunião
entre o governador César Borges
(PFL) e deputados oposicionistas,
que terminou na madrugada de
sábado, ficou definido que 30%
dos policiais rebelados deveriam
voltar imediatamente às ruas da
capital baiana. Com os PMs fazendo o patrulhamento da cidade, o governo abriria um novo canal de negociação.
De acordo com o presidente do
Sindicato dos Policiais Civis da
Bahia, Crispiniano Daltro, os grevistas cumpriram o acordo, que
previa a colocação de 800 policiais
nas ruas de Salvador e região metropolitana da capital.
Mas o governo alegou que ainda
não havia conseguido confirmar
se havia ontem 30% dos policiais
trabalhando, como o combinado.
"O governo já adiou a reunião
por três vezes. Não vamos mais
tolerar o descaso", disse Daltro.
O líder grevista informou que o
comando de greve decidiu manter os 800 policiais trabalhando
até as 9h de hoje, horário previsto
para a reunião marcada com representantes do governo, na Secretaria da Administração.
"Se não fecharmos o acordo, dificilmente os policiais que estão
trabalhando vão permanecer nas
ruas", continuou Daltro.
Exigências e recuos
O governo ainda alegou que foi
preciso adiar a reunião para concluir o levantamento sobre o impacto na folha salarial de um
eventual reajuste de 20% que seria
oferecido à categoria.
Nesse caso, o aumento não seria
apenas sobre o salário-base da
PM, que é de R$ 180. Alguns setores do governo defendem que o
reajuste incida também sobre as
gratificações dos policiais.
As duas categorias reivindicam
piso unificado de R$ 1.200. Na Bahia, um policial militar que faz
serviço de rua ganha R$ 450. Um
civil recebe R$ 600. Nos dois salários estão incluídas gratificações.
Além do reajuste salarial, os grevistas também querem a reintegração de 68 militares e a libertação de dois líderes do movimento
-o tenente Everton Uzeda e o
sargento Isidório Santana.
O governo anunciou que aceita
as duas reivindicações. Anteontem, os dois PMs presos foram
autorizados a percorrer os quartéis para falar com os grevistas.
A disposição de negociar também foi adotada pelo governo para melhorar a sua imagem. Comerciantes, turistas e profissionais liberais afetados pela greve
responsabilizam o governo baiano pelo caos que tomou conta de
Salvador nos últimos dias.
Ontem, a assessoria de imprensa da PM informou que muitos
policiais não foram às ruas por
falta de armas. Os grevistas amotinados estão controlando as armas da PM que estão nos batalhões e companhias independentes.
Com poucos policiais nas ruas
-normalmente, 2.200 PMs trabalham diariamente na capital-,
a segurança de Salvador continua
sendo realizada por tropas do
Exército. Ontem, mais 250 soldados de Pernambuco e da Paraíba
chegaram à cidade.
Brasília
Também em Brasília, os policiais militares e os bombeiros de
Brasília estão insatisfeitos com
suas condições de trabalho. Eles
vão organizar um ato público, na
quinta-feira, para pedir aumento
salarial.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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