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CENTRO DETERIORADO
Vistoria do projeto de revitalização aponta problemas em 55 dos 68 estabelecimentos visitados
Blitz reprova 81% dos bares e restaurantes
MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Meio-dia. Centro de São Paulo.
O vaivém é intenso -até o final
da tarde, 2 milhões de pessoas
passarão pela região central.
Apressadas e famintas, ignoram
que a decadência da área vai além
da poluição visual e da degradação do patrimônio histórico: fisga
pelo estômago e atinge a saúde.
Em bares, restaurantes e lanchonetes há um cenário comum:
a comida, exposta ao ambiente, é
manuseada por mãos desprotegidas que se alternam entre os alimentos e as latas de lixo.
Como parte do programa Reconstruir o Centro, a prefeitura
iniciou há um mês uma vistoria
no chamado quadrilátero -região entre as ruas Conselheiro
Crispiniano, 7 de Abril e avenidas
São João e Ipiranga.
Segundo o relatório da Secretaria Municipal de Abastecimento
(Semab), existem cerca de 150 locais de venda de comida nessa
área. Dos 68 já visitados, 55 têm
problemas -81% do total. Deles,
47 receberam intimações, 5 foram
multados e 3 foram interditados.
A Semab deu um prazo de 30
dias para que os estabelecimentos
regularizem sua situação.
Após esse prazo, a secretaria vai
fazer uma nova vistoria nos locais. As multas -que já foram ou
poderão ser aplicadas- variam
de R$ 200 a R$ 500.
Origem e preparo
A convite da Folha, o biomédico
e microbiologista Eneo Alves da
Silva visitou a região para avaliar
as condições de bares, restaurantes e lanchonetes do quadrilátero.
Consultor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São
Paulo, Alves da Silva concluiu que
as condições do comércio de comida do centro estão deterioradas, principalmente pela falta de
controle da origem e do preparo
dos produtos vendidos.
"A solução para esse tipo de
problema envolve uma mudança
de conduta dos comerciantes e
dos fiscais da prefeitura -que devem ser mais bem preparados para dar orientação-, além da criação de uma regra municipal que
oriente todos eles", afirma.
O código sanitário existente na
cidade, segundo o biomédico, não
é respeitado e não atende a necessidade de criação de procedimentos de higiene gerais.
Estrutura e ambulantes
"Além de problemas de origem
e de preparo dos alimentos, há
também uma grande falta de estrutura. Não há condições para
que seja feito aquele tipo de comida (feijoada, por exemplo) naqueles lugares tão pequenos", continua Alves da Silva.
Utensílios de cozinha sujos, excesso de produtos perecíveis em
geladeiras desreguladas e alimentos malcozidos também aparecem em grande parte dos restaurantes visitados pela reportagem.
A Folha observou também um
grande número de ambulantes
vendendo comida na região do
quadrilátero, atividade proibida
pela prefeita Marta Suplicy (PT),
no começo deste ano.
O maior alvo da fiscalização, segundo a Semab, são as barracas
de churrasco grego, presentes
principalmente na avenida São
João e na rua Conselheiro Crispiniano (leia texto abaixo).
Segundo a Semab, a Administração Regional da Sé já foi avisada de que deve retirar os ambulantes do local.
A regional, por sua vez, informou que está esperando a finalização do processo de contratação
emergencial de 230 fiscais para
iniciar a operação.
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