São Paulo, segunda-feira, 16 de julho de 2001

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CENTRO DETERIORADO

Vistoria do projeto de revitalização aponta problemas em 55 dos 68 estabelecimentos visitados

Blitz reprova 81% dos bares e restaurantes

MELISSA DINIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Meio-dia. Centro de São Paulo. O vaivém é intenso -até o final da tarde, 2 milhões de pessoas passarão pela região central. Apressadas e famintas, ignoram que a decadência da área vai além da poluição visual e da degradação do patrimônio histórico: fisga pelo estômago e atinge a saúde.
Em bares, restaurantes e lanchonetes há um cenário comum: a comida, exposta ao ambiente, é manuseada por mãos desprotegidas que se alternam entre os alimentos e as latas de lixo.
Como parte do programa Reconstruir o Centro, a prefeitura iniciou há um mês uma vistoria no chamado quadrilátero -região entre as ruas Conselheiro Crispiniano, 7 de Abril e avenidas São João e Ipiranga.
Segundo o relatório da Secretaria Municipal de Abastecimento (Semab), existem cerca de 150 locais de venda de comida nessa área. Dos 68 já visitados, 55 têm problemas -81% do total. Deles, 47 receberam intimações, 5 foram multados e 3 foram interditados.
A Semab deu um prazo de 30 dias para que os estabelecimentos regularizem sua situação.
Após esse prazo, a secretaria vai fazer uma nova vistoria nos locais. As multas -que já foram ou poderão ser aplicadas- variam de R$ 200 a R$ 500.

Origem e preparo
A convite da Folha, o biomédico e microbiologista Eneo Alves da Silva visitou a região para avaliar as condições de bares, restaurantes e lanchonetes do quadrilátero.
Consultor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, Alves da Silva concluiu que as condições do comércio de comida do centro estão deterioradas, principalmente pela falta de controle da origem e do preparo dos produtos vendidos.
"A solução para esse tipo de problema envolve uma mudança de conduta dos comerciantes e dos fiscais da prefeitura -que devem ser mais bem preparados para dar orientação-, além da criação de uma regra municipal que oriente todos eles", afirma.
O código sanitário existente na cidade, segundo o biomédico, não é respeitado e não atende a necessidade de criação de procedimentos de higiene gerais.

Estrutura e ambulantes
"Além de problemas de origem e de preparo dos alimentos, há também uma grande falta de estrutura. Não há condições para que seja feito aquele tipo de comida (feijoada, por exemplo) naqueles lugares tão pequenos", continua Alves da Silva.
Utensílios de cozinha sujos, excesso de produtos perecíveis em geladeiras desreguladas e alimentos malcozidos também aparecem em grande parte dos restaurantes visitados pela reportagem.
A Folha observou também um grande número de ambulantes vendendo comida na região do quadrilátero, atividade proibida pela prefeita Marta Suplicy (PT), no começo deste ano.
O maior alvo da fiscalização, segundo a Semab, são as barracas de churrasco grego, presentes principalmente na avenida São João e na rua Conselheiro Crispiniano (leia texto abaixo).
Segundo a Semab, a Administração Regional da Sé já foi avisada de que deve retirar os ambulantes do local.
A regional, por sua vez, informou que está esperando a finalização do processo de contratação emergencial de 230 fiscais para iniciar a operação.


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