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Ambulante mistura molhos e restos
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de tempo -e muitas vezes de dinheiro- livra boa parte
da multidão que transita no centro dos riscos dos bares e restaurantes, mas a expõe a um cardápio igualmente arriscado: as ofertas dos ambulantes.
No quadrilátero, são centenas.
Oferecem sanduíches de quase
tudo, cachorros-quentes, frutas e
churrascos gregos nas calçadas
-com suco grátis.
Sem ter onde lavar as mãos ou
acomodar com higiene os alimentos, alguns camelôs empilham
carnes, linguiças, pães e molhos
em locais sujos, sem refrigeração
ou expostos ao vento e ao ambiente. Em geral, ao lado do lixo.
Em uma das calçadas, um vendedor de churrasco grego manuseia (sem luvas) o pão, exposto ao
ambiente, a carne e o dinheiro recebido dos consumidores.
Com a mesma colher, o vendedor pega a carne e o molho, colocado em uma gaveta abaixo do
churrasco. Com um pano molhado e cheio de sobras, o vendedor
recolhe os restos de carne do balcão e joga dentro da gaveta -onde está o molho. O próximo cliente é servido, com direito a um copo de suco grátis, armazenado em
um recipiente sem refrigeração.
"Fazer o quê?"
"A gente se importa, mas vai fazer o quê? É barato e gostoso",
afirma o porteiro Ronaldo França
Júnior, 25, que costuma comer
churrasco grego no local.
Para o microbiologista Eneo Alves da Silva, o cenário é um dos
piores já vistos em sua carreira.
"A exposição dos alimentos, a
falta de controle da temperatura
(os alimentos ficam crus), a manipulação, a utilização de restos e
ainda o agravante de não se saber
a origem das carnes", lista ele,
enumerando os problemas.
Segundo Alves da Silva, um alimento consumido nessas condições pode causar vários danos à
saúde, como intoxicação, diarréia, vômitos e desidratação, além
de problemas estomacais.
"As pessoas devem evitar esse
tipo de comida. Às vezes, as bactérias já estão no alimento e se multiplicam com as péssimas condições do ambiente, ficando ainda
mais perigosas", alerta.
(MD)
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