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DERROTA COLETIVA
Torcedores do São Paulo depredaram ônibus e estações de metrô e saquearem lojas; 29 pessoas ficaram feridas
Torcida festeja com vandalismo na Paulista
LUÍSA BRITO
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Lojas saqueadas, vidros por todos os lados, 31 ônibus depredados e acessos a duas estações de
metrô destruídos. O que era para
ser a comemoração dos torcedores do São Paulo Futebol Clube,
tricampeão na Libertadores da
América, terminou em violência e
vandalismo na avenida Paulista,
na madrugada de ontem.
O confronto acabou com 32
pessoas detidas, segundo a Polícia
Militar. Entre os feridos, 15 civis e
14 policiais. Além de um prejuízo
ainda não calculado e que, por enquanto, ninguém quer assumir.
Por causa do tumulto, a estação
Brigadeiro, por exemplo, atrasou
quase quatro horas para ser reaberta na manhã de ontem.
Segundo a polícia, a confusão
começou por volta das 23h30,
quando o jogo estava acabando, e
durou até as 3h. Segundo o coronel Isidro Suita Martinez, comandante interino da PM na capital,
torcedores que foram até a avenida assistir a um telão ficaram frustrados por não haver a transmissão e iniciaram um tumulto.
Segundo a PM, a situação piorou com a chegada de torcedores
vindos do estádio do Morumbi.
Cerca de 15 mil pessoas tomaram
conta das duas faixas da avenida.
De uma hora para outra, formaram-se vários focos de tumulto.
Os 350 policiais militares escalados para fazer a segurança na área
não conseguiram controlar a
multidão, que arremessava pedras em vidraças e arrombava e
saqueava estabelecimentos.
O estrago foi geral: placas, lixeiras, vasos de plantas, pontos de
ônibus e 49 orelhões ficaram danificados. Comerciantes tiveram
prejuízos e moradores, medo.
"Eu me senti como se estivesse
em Sarajevo depois de um bombardeio", disse o estudante de
ciências sociais e jornalismo Matheus Pichonelli, 22. Ele mora na
Paulista e precisou usar um extintor do seu prédio para apagar um
incêndio em uma banca.
"Um deles fez uma pilha com
jornal e colocou fogo. Moradores
tentaram apagar com água, mas
não resolveu. Aí, subi ao primeiro
andar e peguei o extintor", disse.
O prefeito José Serra (PSDB)
disse que foi "uma demonstração
de vandalismo inaceitável num
dia de festa" e que as pessoas envolvidas no tumulto têm "perturbação mental". Segundo ele, a culpa não foi da polícia, pois "não
dava para prever uma coisa dessa,
é como um tsunami. São coisas
que acontecem de repente de uma
forma estúpida." Já a diretoria do
clube e líderes da torcida organizada responsabilizaram a falta de
policiamento pelos tumultos.
Estragos
O gerente de operações do Metrô, Conrado Grava de Souza, 56,
afirmou que cinco acessos às estações na avenida Paulista foram
depredados, três deles na estação
Trianon e dois na Brigadeiro.
Ele estima o prejuízo em R$ 200
mil. "Colocamos tapumes e, por
volta das 7h, abrimos a estação
Trianon. A Brigadeiro, mais danificada [teve a parte superior do vidro também quebrada] só foi
aberta às 9h." O horário de abertura das duas estações é às 4h40.
Souza espera que em duas ou
três semanas os vidros desses
acessos já tenham sido recuperados. A linha verde do Metrô, que
passa na Paulista, tem uma média
de 280 mil usuários por dia.
Segundo o sindicato das empresas de ônibus, 31 veículos tiveram
os vidros quebrados por pedaços
de pau e pedras. O prejuízo estimado é de R$ 14 mil.
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