São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

Próximo Texto | Índice

DERROTA COLETIVA

Torcedores do São Paulo depredaram ônibus e estações de metrô e saquearem lojas; 29 pessoas ficaram feridas

Torcida festeja com vandalismo na Paulista

LUÍSA BRITO
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojas saqueadas, vidros por todos os lados, 31 ônibus depredados e acessos a duas estações de metrô destruídos. O que era para ser a comemoração dos torcedores do São Paulo Futebol Clube, tricampeão na Libertadores da América, terminou em violência e vandalismo na avenida Paulista, na madrugada de ontem.
O confronto acabou com 32 pessoas detidas, segundo a Polícia Militar. Entre os feridos, 15 civis e 14 policiais. Além de um prejuízo ainda não calculado e que, por enquanto, ninguém quer assumir. Por causa do tumulto, a estação Brigadeiro, por exemplo, atrasou quase quatro horas para ser reaberta na manhã de ontem.
Segundo a polícia, a confusão começou por volta das 23h30, quando o jogo estava acabando, e durou até as 3h. Segundo o coronel Isidro Suita Martinez, comandante interino da PM na capital, torcedores que foram até a avenida assistir a um telão ficaram frustrados por não haver a transmissão e iniciaram um tumulto.
Segundo a PM, a situação piorou com a chegada de torcedores vindos do estádio do Morumbi. Cerca de 15 mil pessoas tomaram conta das duas faixas da avenida. De uma hora para outra, formaram-se vários focos de tumulto.
Os 350 policiais militares escalados para fazer a segurança na área não conseguiram controlar a multidão, que arremessava pedras em vidraças e arrombava e saqueava estabelecimentos.
O estrago foi geral: placas, lixeiras, vasos de plantas, pontos de ônibus e 49 orelhões ficaram danificados. Comerciantes tiveram prejuízos e moradores, medo.
"Eu me senti como se estivesse em Sarajevo depois de um bombardeio", disse o estudante de ciências sociais e jornalismo Matheus Pichonelli, 22. Ele mora na Paulista e precisou usar um extintor do seu prédio para apagar um incêndio em uma banca.
"Um deles fez uma pilha com jornal e colocou fogo. Moradores tentaram apagar com água, mas não resolveu. Aí, subi ao primeiro andar e peguei o extintor", disse.
O prefeito José Serra (PSDB) disse que foi "uma demonstração de vandalismo inaceitável num dia de festa" e que as pessoas envolvidas no tumulto têm "perturbação mental". Segundo ele, a culpa não foi da polícia, pois "não dava para prever uma coisa dessa, é como um tsunami. São coisas que acontecem de repente de uma forma estúpida." Já a diretoria do clube e líderes da torcida organizada responsabilizaram a falta de policiamento pelos tumultos.

Estragos
O gerente de operações do Metrô, Conrado Grava de Souza, 56, afirmou que cinco acessos às estações na avenida Paulista foram depredados, três deles na estação Trianon e dois na Brigadeiro.
Ele estima o prejuízo em R$ 200 mil. "Colocamos tapumes e, por volta das 7h, abrimos a estação Trianon. A Brigadeiro, mais danificada [teve a parte superior do vidro também quebrada] só foi aberta às 9h." O horário de abertura das duas estações é às 4h40.
Souza espera que em duas ou três semanas os vidros desses acessos já tenham sido recuperados. A linha verde do Metrô, que passa na Paulista, tem uma média de 280 mil usuários por dia.
Segundo o sindicato das empresas de ônibus, 31 veículos tiveram os vidros quebrados por pedaços de pau e pedras. O prejuízo estimado é de R$ 14 mil.


Próximo Texto: Derrota coletiva: Número de PMs era suficiente, diz coronel
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.