São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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DERROTA COLETIVA

Dono de banca de jornal afirma que perdas causadas pela destruição e pelos saques chegam a R$ 40 mil

Após ações, comércio contabiliza prejuízo

DA REPORTAGEM LOCAL

Sem saber a quem recorrer para pedir ajuda, comerciantes da avenida Paulista (região central) passaram o dia contabilizando os prejuízos causados pela onda de vandalismo realizada por torcedores na madrugada de ontem.
A destruição foi generalizada e aconteceu da Consolação até o Paraíso, atingindo agências bancárias, lojas, lanchonetes, bancas de revista e prédios residenciais.
O interior da lanchonete Dom's Lanches, nas proximidades da estação de Metrô Brigadeiro, parecia ter sido atingido por uma bomba. Não havia um único vidro que não estivesse estilhaçado, as cadeiras, também quebradas, estavam jogadas no chão em meio a uma bagunça de detritos. As prateleiras vazias sinalizavam o saque sofrido pelo comerciante.
"Não sobrou nada, nem uma coisa para contar", disse o proprietário do local, Márcio Dantas da Silva, 36. Sem recursos para reconstruir o estabelecimento, ele não sabia quando poderia reabrir a lanchonete.
Para o comerciante Cláudio Betti, 71, o dia de ontem também não foi agradável. Ele constatou um prejuízo de R$ 40 mil. Sua banca, teve a porta de ferro arrombada, as vitrines quebradas e produtos saqueados. O computador, o estoque de cigarros, os cartões telefônicos, as pilhas e os DVDs foram roubados.
Além dos gastos para recuperar a banca, o comerciante também terá que arcar com os dias parados, pois o local ficará sem funcionar por tempo indeterminado. "Nunca vi isso. Acho que não foram torcedores, eles quebram, mas não roubam", disse Betti, que afirmou gostar de futebol, mas não torcer para nenhum time.
A poucos metros dali, em outra banca de jornal danificada, um torcedor são-paulino comprava o pôster do tricampeonato de seu time e menosprezava a destruição ocorrida na avenida. "Tem que quebrar mesmo, somos campeões", afirmou o rapaz, que não se identificou.
Na Spot Shoes, que fica na esquina da Paulista com a avenida Brigadeiro Luís Antônio, só sobraram três dos 11 vidros que revestiam a vitrine. Foram precisos 15 funcionários para limpar todos os cacos de vidro e a sujeira que ficaram no local.
Sapatos, bolsas, cintos e acessórios foram roubados. A loja só começou a funcionar depois do meio-dia. A gerência do estabelecimento ainda não sabia quanto teria que gastar para repor as vitrines e recompor o estoque.
Na loja Colombo, até a vitrine do primeiro andar foi atingida por pedras e garrafas de bebida. O alarme instalado no interior do estabelecimento disparou, mas só serviu para registrar o horário da quebradeira: 3h. Quando os seguranças chegaram ao local, não havia mais ninguém.
O prejuízo das vidraças foi estipulado entre R$ 15 e R$ 18 mil. Valor que deve ser somar aos cerca de R$ 6 mil que deixaram de ser faturados nas duas horas (das 9h as 11h) que a loja ficou fechada para que pudesse ser feita a retirada dos detritos. São-paulino, o gerente do local, Fábio Cruz, 29, disse que nem conseguiu comemorar o tricampeonato de seu time. "Só fiquei indignado. Isso é coisa de vândalos. Essas pessoas não vieram para festejar", afirmou. (LUÍSA BRITO)


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