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"A cidade lembrava Gothan City"
DA REPORTAGEM LOCAL
A ação policial, em vez de isolar
os torcedores, fez com que eles se
espalhassem pela avenida e tentassem se proteger dentro de lojas
ou nas garagens dos prédios. É isso que conta o estudante de ciências sociais e jornalismo Matheus
Pichonelli, 22, que mora num prédio na Paulista. O local foi um dos
alvos dos torcedores.
De acordo com ele, um segurança que ajudava um lojista a fechar
seu estabelecimento foi confundido com um torcedor do São Paulo
e foi atingido por uma bala de
borracha atirada pela polícia.
A fumaça das bombas jogadas
por policiais chegou até os apartamentos e gerou incômodo. "Escutamos as bombas, mas pensamos
que fossem rojões. Quando olhamos pela janela, percebemos que
era gás lacrimogêneo", disse.
Ele e seus amigos colocaram
guardanapos no rosto para evitar
o gás. "Havia muita névoa, a cidade lembrava Gothan City [onde se
passa a história de Batman]."
Gaetana Ricco, 73, não desceu à
avenida para conferir o tumulto
durante a madrugada, mas pela
manhã ficou revoltada com os estragos que viu. Moradora há 30
anos da Paulista, ela recolhia ontem garrafas de bebida em um
jardim da avenida para tentar diminuir a sujeira na área.
"É hora de tomar uma providência, antes que morram pessoas. Eu estou indignada com as
autoridades, que são omissas.
Nós vamos esperar pelo pior até
que um dia as manifestações sejam proibidas aqui", disse.
Uma moradora que não quis se
identificar disse ter ouvido muito
barulho e ficado com medo. "Só
tive coragem de olhar pelas persianas. Havia uma multidão fazendo algazarra. Não dormi a
noite toda", disse.
"Estou de luto hoje, vim todo de
preto. Isso [vandalismo] não é
próprio do paulistano, é próprio
do desordeiro", disse o presidente
da Associação Paulista Viva, Nelson Baeta Neves, que sempre viveu na avenida.
(AFRA BALAZINA)
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