São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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"A cidade lembrava Gothan City"

DA REPORTAGEM LOCAL

A ação policial, em vez de isolar os torcedores, fez com que eles se espalhassem pela avenida e tentassem se proteger dentro de lojas ou nas garagens dos prédios. É isso que conta o estudante de ciências sociais e jornalismo Matheus Pichonelli, 22, que mora num prédio na Paulista. O local foi um dos alvos dos torcedores.
De acordo com ele, um segurança que ajudava um lojista a fechar seu estabelecimento foi confundido com um torcedor do São Paulo e foi atingido por uma bala de borracha atirada pela polícia.
A fumaça das bombas jogadas por policiais chegou até os apartamentos e gerou incômodo. "Escutamos as bombas, mas pensamos que fossem rojões. Quando olhamos pela janela, percebemos que era gás lacrimogêneo", disse.
Ele e seus amigos colocaram guardanapos no rosto para evitar o gás. "Havia muita névoa, a cidade lembrava Gothan City [onde se passa a história de Batman]."
Gaetana Ricco, 73, não desceu à avenida para conferir o tumulto durante a madrugada, mas pela manhã ficou revoltada com os estragos que viu. Moradora há 30 anos da Paulista, ela recolhia ontem garrafas de bebida em um jardim da avenida para tentar diminuir a sujeira na área.
"É hora de tomar uma providência, antes que morram pessoas. Eu estou indignada com as autoridades, que são omissas. Nós vamos esperar pelo pior até que um dia as manifestações sejam proibidas aqui", disse.
Uma moradora que não quis se identificar disse ter ouvido muito barulho e ficado com medo. "Só tive coragem de olhar pelas persianas. Havia uma multidão fazendo algazarra. Não dormi a noite toda", disse.
"Estou de luto hoje, vim todo de preto. Isso [vandalismo] não é próprio do paulistano, é próprio do desordeiro", disse o presidente da Associação Paulista Viva, Nelson Baeta Neves, que sempre viveu na avenida. (AFRA BALAZINA)


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