São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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JUSTIÇA

Para jurados, filho de Pelé não foi responsável pela morte do aposentado; ele continua preso sob acusação de tráfico

Júri absolve Edinho no caso do "racha"

MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Depois de quase 14 horas de julgamento, o ex-goleiro Edson Cholbi Nascimento, 34, o Edinho, filho de Pelé, foi absolvido ontem por 4 votos a 3 da acusação de homicídio por ter participado de um suposto "racha" que provocou a morte do aposentado Pedro Simões Neto, em 1992, em Santos.
De acordo com a denúncia do promotor Octavio Borba de Vasconcellos Filho, Edinho e Marcílio José Marinho de Melo, que também foi julgado ontem, participavam de um "racha", quando o carro dirigido por Melo atingiu a moto do aposentado.
O promotor defendeu a tese de que os dois cometeram crime doloso (no qual o autor assume, ao menos, o risco de produzir o resultado), com base em depoimentos e exames periciais. No julgamento de ontem, as testemunhas foram dispensadas.
As teses da defesa foram aceitas integralmente. O advogado Sidney Gonçalves defendeu Edinho, que alegou não ter participado do "racha". O advogado Eduardo Elias defendeu Melo, que alegou homicídio culposo, ou seja, não intencional, aceito por 5 votos a 2.
Melo foi condenado a um ano de detenção, que foi substituído por um ano de prestação de serviços comunitários. Entretanto, a pena já está prescrita. Não há possibilidade de recurso.
Em 1999, os dois haviam sido condenados a seis anos de prisão em regime semi-aberto, mas o Tribunal de Justiça de São Paulo anulou a decisão no ano passado.

Julgamento
Ao ser interrogado pelo juiz Gilberto Ferreira da Cruz, Edinho negou ter participado de racha, ingerido bebidas alcoólicas e usado substâncias entorpecentes no dia do acidente. "Fui testemunha de uma tragédia", afirmou.
O ex-goleiro disse que parou o carro para prestar socorro e que estava andando a uma velocidade normal, porque "não tinha motivos para ter pressa".
Melo também negou que tenha havido racha e disse que "o que houve foi um acidente de trânsito". Os dois acusados negaram se conhecer antes do incidente.
Edinho entrou no Tribunal do Júri algemado e permaneceu todo o tempo ladeado por dois policiais militares no banco dos réus. Ele está preso desde o dia 6 de junho acusado de envolvimento com o tráfico de drogas.
O resultado do julgamento de ontem minimiza a situação de Edinho nesse próximo processo, já que o ex-goleiro passa a ostentar a condição de réu primário.
Quando ouviu as palavras do advogado Eduardo Elias, Edinho chorou. Depois do julgamento, ele retornou ao presídio de Presidente Bernardes (584 km de São Paulo), de segurança máxima.
A mãe e a mulher de Edinho, além de alguns parentes do ex-goleiro, acompanharam o julgamento. Pelé não apareceu.
Familiares da vítima também estavam presentes no tribunal. Pedro Alexandre Simões, 35, filho do aposentado que morreu no acidente, afirmou antes de conhecer a decisão que gostaria apenas de um julgamento justo, porque foi uma longa espera.


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