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JUSTIÇA
Para jurados, filho de Pelé não foi responsável pela morte do aposentado; ele continua preso sob acusação de tráfico
Júri absolve Edinho no caso do "racha"
MARIANA CAMPOS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Depois de quase 14 horas de julgamento, o ex-goleiro Edson
Cholbi Nascimento, 34, o Edinho,
filho de Pelé, foi absolvido ontem
por 4 votos a 3 da acusação de homicídio por ter participado de um
suposto "racha" que provocou a
morte do aposentado Pedro Simões Neto, em 1992, em Santos.
De acordo com a denúncia do
promotor Octavio Borba de Vasconcellos Filho, Edinho e Marcílio
José Marinho de Melo, que também foi julgado ontem, participavam de um "racha", quando o
carro dirigido por Melo atingiu a
moto do aposentado.
O promotor defendeu a tese de
que os dois cometeram crime doloso (no qual o autor assume, ao
menos, o risco de produzir o resultado), com base em depoimentos e exames periciais. No julgamento de ontem, as testemunhas
foram dispensadas.
As teses da defesa foram aceitas
integralmente. O advogado Sidney Gonçalves defendeu Edinho,
que alegou não ter participado do
"racha". O advogado Eduardo
Elias defendeu Melo, que alegou
homicídio culposo, ou seja, não
intencional, aceito por 5 votos a 2.
Melo foi condenado a um ano
de detenção, que foi substituído
por um ano de prestação de serviços comunitários. Entretanto, a
pena já está prescrita. Não há possibilidade de recurso.
Em 1999, os dois haviam sido
condenados a seis anos de prisão
em regime semi-aberto, mas o
Tribunal de Justiça de São Paulo
anulou a decisão no ano passado.
Julgamento
Ao ser interrogado pelo juiz Gilberto Ferreira da Cruz, Edinho
negou ter participado de racha,
ingerido bebidas alcoólicas e usado substâncias entorpecentes no
dia do acidente. "Fui testemunha
de uma tragédia", afirmou.
O ex-goleiro disse que parou o
carro para prestar socorro e que
estava andando a uma velocidade
normal, porque "não tinha motivos para ter pressa".
Melo também negou que tenha
havido racha e disse que "o que
houve foi um acidente de trânsito". Os dois acusados negaram se
conhecer antes do incidente.
Edinho entrou no Tribunal do
Júri algemado e permaneceu todo
o tempo ladeado por dois policiais militares no banco dos réus.
Ele está preso desde o dia 6 de junho acusado de envolvimento
com o tráfico de drogas.
O resultado do julgamento de
ontem minimiza a situação de
Edinho nesse próximo processo,
já que o ex-goleiro passa a ostentar a condição de réu primário.
Quando ouviu as palavras do
advogado Eduardo Elias, Edinho
chorou. Depois do julgamento,
ele retornou ao presídio de Presidente Bernardes (584 km de São
Paulo), de segurança máxima.
A mãe e a mulher de Edinho,
além de alguns parentes do ex-goleiro, acompanharam o julgamento. Pelé não apareceu.
Familiares da vítima também
estavam presentes no tribunal.
Pedro Alexandre Simões, 35, filho
do aposentado que morreu no
acidente, afirmou antes de conhecer a decisão que gostaria apenas
de um julgamento justo, porque
foi uma longa espera.
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