|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ativista usou o Super-Homem contra racismo
A história do homem que se infiltrou na Klu Klux Klan
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Nos cadernos de lazer (e cultura), o retorno do Super-Homem. Nos de política (e cultura), o combate ao racismo e à
segregação. Quem vê os dois assuntos separados no noticiário
não sabe que eles já se cruzaram antes. Super-Homem,
quem diria, é um exemplo do
herói de ficção que ajudou a
mudar a realidade.
Em 1932, nascia um super-herói que mudaria para sempre
a história das histórias em quadrinhos. Em junho de 1938, a
Detective Comics, Inc (depois
DC Comics) publicou a primeira história. Dois anos depois, o
súper apareceria no primeiro
programa de rádio. Foi ali que o
Super-Homem ajudou a acabar
com a organização Ku Klux
Klan (KKK), que pregava a supremacia branca americana.
É aqui que entra outro herói,
de carne e osso. Stetson Kennedy era membro de uma tradicional família sulista. Ativista,
se "converteu" à causa das liberdades civis em Jacksonville,
na Flórida, onde nasceu e, adolescente, viu sua ama-de-leite
negra ser estuprada e morta
por membros da KKK.
Um dia teve uma idéia. Primeiro, se infiltraria na organização. Começou a freqüentar
um salão de bilhar em Atlanta
conhecido por reunir membros
da Klan. Foi convidado a participar de sua primeira reunião.
Conforme ia decifrando práticas, rituais e identidades,
Kennedy resolveu procurar os
responsáveis pelo programa de
rádio do Super-Homem. A cada
programa, com as informações
secretas de Kennedy, o super-herói desvendava parte dos segredos da Klan, e a organização
começou a ser desacreditada.
Nos anos seguintes, principalmente por conta do FBI, a
polícia federal norte-americana, e do decreto presidencial de
John Fitzgerald Kennedy, a
Klan perdeu cada vez mais a
força. Quanto à organização racista, virou seita clandestina.
Stetson Kennedy viraria celebridade nacional, ganharia prêmios de direitos humanos e teria versão de sua memória lançada na França sob os auspícios
do filósofo Jean-Paul Sartre.
Texto Anterior: Mais saudável Próximo Texto: Kennedy planeja visitar a América do Sul Índice
|