São Paulo, domingo, 16 de julho de 2006

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Ativista usou o Super-Homem contra racismo

A história do homem que se infiltrou na Klu Klux Klan

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Nos cadernos de lazer (e cultura), o retorno do Super-Homem. Nos de política (e cultura), o combate ao racismo e à segregação. Quem vê os dois assuntos separados no noticiário não sabe que eles já se cruzaram antes. Super-Homem, quem diria, é um exemplo do herói de ficção que ajudou a mudar a realidade.
Em 1932, nascia um super-herói que mudaria para sempre a história das histórias em quadrinhos. Em junho de 1938, a Detective Comics, Inc (depois DC Comics) publicou a primeira história. Dois anos depois, o súper apareceria no primeiro programa de rádio. Foi ali que o Super-Homem ajudou a acabar com a organização Ku Klux Klan (KKK), que pregava a supremacia branca americana.
É aqui que entra outro herói, de carne e osso. Stetson Kennedy era membro de uma tradicional família sulista. Ativista, se "converteu" à causa das liberdades civis em Jacksonville, na Flórida, onde nasceu e, adolescente, viu sua ama-de-leite negra ser estuprada e morta por membros da KKK.
Um dia teve uma idéia. Primeiro, se infiltraria na organização. Começou a freqüentar um salão de bilhar em Atlanta conhecido por reunir membros da Klan. Foi convidado a participar de sua primeira reunião.
Conforme ia decifrando práticas, rituais e identidades, Kennedy resolveu procurar os responsáveis pelo programa de rádio do Super-Homem. A cada programa, com as informações secretas de Kennedy, o super-herói desvendava parte dos segredos da Klan, e a organização começou a ser desacreditada.
Nos anos seguintes, principalmente por conta do FBI, a polícia federal norte-americana, e do decreto presidencial de John Fitzgerald Kennedy, a Klan perdeu cada vez mais a força. Quanto à organização racista, virou seita clandestina. Stetson Kennedy viraria celebridade nacional, ganharia prêmios de direitos humanos e teria versão de sua memória lançada na França sob os auspícios do filósofo Jean-Paul Sartre.


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