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FALSIFICAÇÃO
Alertada pelo fabricante, Vigilância havia interditado lote do remédio; 3 dias depois, ele foi vendido a hospital
Ação vendeu Androcur que sabia ser falso
RANIER BRAGON
em Belo Horizonte
A Ação Distribuidora de Medicamento vendeu 40 caixas do
Androcur falso
(lote 351) ao
hospital Ibiapaba, de Barbacena (166 km de BH), três dias depois de ter sido informada que tratava-se de medicamento falso.
A Vigilância Sanitária já havia lacrado as 400 caixas do Androcur
(lote 351) que tinha encontrado na
Ação em 16 de fevereiro deste ano.
A venda ao Ibiapaba aconteceu
três dias depois da interdição.
A nota fiscal nš 058861 comprova a venda e está anexada ao inquérito presidido pela delegada-adjunta da Delegacia de Ordem
Econômica da Polícia Civil de BH,
Gisele Damásio Duarte.
A delegada suspeita que a distribuidora escondeu frascos do lote
351 da Vigilância Sanitária.
A vistoria na Ação foi feita em 16
de fevereiro, após denúncia da
Schering do Brasil, fabricante do
Androcur, de que o lote era falso.
Na ocasião, 370 caixas foram
deixadas lacradas na empresa e 30
foram levadas para análise.
A Schering realizou testes no lote
351 do Androcur após reclamação
de um consumidor do Rio de Janeiro no começo do ano.
Depois de constatar que se tratava de falsificação, informou às Vigilâncias Sanitárias de vários Estados. A de Minas Gerais, então, lacrou os lotes de Androcur que encontrou na Ação.
No início de abril, o hospital de
Barbacena enviou ofício à Schering solicitando análises em amostras do lote 351, comprados junto
à Ação em 19 de fevereiro.
A Agência Folha tentou entrar
em contato com o diretor do hospital Ibiapaba ontem no final da
tarde, mas funcionários informaram que nenhum diretor se encontrava no local após as 17h30.
A Ação foi interditada na última
segunda pela Vigilância Sanitária e
pela Polícia Federal por estar vendendo psicotrópicos (tranquilizantes) e entorpecentes sem autorização do Ministério da Saúde.
A empresa é responsável pela
venda do Androcur falso a diversos hospitais públicos e privados
do país.
A Agência Folha vem tentando
contato com o dono da Ação, José
Celso Machado de Castro, 36, há
três dias, mas funcionários da empresa informam que ele está viajando com a mulher, dona da Dinâmica Distribuidora.
A Dinâmica também foi interditada na última segunda-feira por
vender remédios contra a Aids
pertencentes a lotes distribuídos
gratuitamente pelo ministério.
Em entrevista à Folha na última
quinta-feira, Castro disse que a
Ação não tinha como verificar a
autenticidade e a origem dos produtos que repassa para o mercado.
Nesse caso, a Vigilância a alertou.
Castro disse ainda que sempre
comprou de várias distribuidoras,
porque o preço é melhor do que o
dos laboratórios para quem compra em menor quantidade.
Recife
Consta também do inquérito da
Delegacia de Ordem Econômica
que a Ação vendeu em 7 de fevereiro à Multimport Ltda., em Recife (PE), 30 caixas do Androcur a
um preço que é menos de 20% do
que é cobrado pelo fabricante para
venda a hospitais e distribuidoras.
Na nota fiscal nš 057431, consta
que foi cobrado da Multimport R$
8,40 pela caixa do Androcur com
20 comprimidos. O preço médio
cobrado pela Schering é R$ 46.
Não consta na nota fiscal qual é o
número de lote do medicamento.
Na Multimport, foi informado
ontem que somente a gerente comercial, Carla Albuquerque, que
está viajando, é quem poderia falar sobre o assunto.
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