LUCIA MARTINS
da Reportagem Local


A Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abafarma) convocou para hoje de manhã, em São Paulo, uma assembléia com os sócios para discutir meios de inibir a troca e venda de medicamentos entre as distribuidoras. Segundo o presidente da Abafarma, João Franco de Godoy Filho, o esquema de troca e venda de medicamentos existe e, tirando "honrosas exceções", atinge todo o setor.
"Todo mundo já fez isso pelo menos uma vez, até mesmo os grandes distribuidores."
A Abafarma -grupo reúne 600 distribuidores de remédios no Brasil e 150 em São Paulo- quer publicar uma espécie de cadastro nacional com os distribuidores "autorizados" a vender certos medicamentos. Além disso, ela vai tentar forçar os distribuidores a começar a, pelo menos, exigir o número do lote do remédio que está comprando de segunda mão.
A venda e troca de mercadorias, principalmente de maneira informal (sem nota), é, segundo a própria associação, um dos meios de infiltração de quadrilhas de falsificação de medicamentos.
A explicação dada por Godoy Filho para o esquema é o fato de alguns laboratórios forçarem os distribuidores a ficar com cotas de remédios maiores do que a capacidade de absorção do mercado. "Eles revendem porque são obrigados, porque não têm como colocar tudo no mercado."
A troca entre distribuidoras também é confirmada por Sérgio Comunale, da distribuidora Panarelo. Ele diz que a Panarelo não troca nem vende porque é uma distribuidora grande e não precisa, mas que isso "é frequente em empresas menores".
Além de conversar com os associados sobre o troca-troca de remédios, a assembléia também vai discutir a expulsão de um membro -já dada como certa pelo presidente da Abafarma- e analisar um possível penalidade para outro. Os dois (um deles é a Ação Distribuidora, do caso de venda de remédios com problemas para a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul) são acusados de participar em esquemas de falsificação.



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