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CRÍTICA
Segundo Luiz Carlos Menezes, governo alimenta discurso equivocado sobre ensino básico
Físico defende universidade pública
do enviado especial a Natal
O físico da USP Luiz Carlos
Menezes criticou o que chamou
de descaso da universidade pública pelo ensino básico. "A
função da universidade na formação e preparação dos professores do ensino básico tornou-se
secundária", disse.
Para Menezes, essa grande distância alimenta "o discurso oficial equivocado de que a universidade está tirando recursos do
ensino básico".
O maior problema, segundo
Menezes, é a relação numérica
desfavorável. As universidades
existentes teriam dificuldades
em criar meios para reciclar os
cerca de 2 milhões de professores do país, além de contribuir
para formar os novos.
A subutilização das vagas
acontece com frequência. "Centenas de cursos de licenciatura
só formavam um ou dois professores por ano."
Essa subutilização vem principalmente do fato de os salários
de professor não serem compensadores. "Não é culpa da universidade, mas não é aceitável
que ela se acomode", disse o físico da USP. Para ele, o pesquisador universitário tem de se dedicar também a ajudar o ensino
básico. "Não como uma tarifa,
para que ele possa fazer sua ciência, mas sim como uma tarefa."
José Leite Lopes, um dos mais
renomados físicos do país, disse
que o governo está empenhado
em "destruir" as universidades
públicas. Ele atua no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, no
Rio, e trabalhou nos EUA com o
prêmio Nobel Wolfgang Pauli.
"Como é possível que ex-professores de universidades públicas, como Fernando Henrique e
Paulo Renato, estejam fazendo
isso?", disse ele, sobre o presidente da República e o ministro
da Educação. "Esse é o presidente dos banqueiros."
Para Leite Lopes, "o professor
não pode melhorar se ganha
pouco". "É claro que a universidade tem defeitos, mas ela é
muito nova no Brasil. Só se criou
a USP em 1934, em São Paulo.
No século 12, já havia universidades em cidades como Paris e
Bolonha. O que é que não tem
defeito no Brasil?", declarou, ao
ser questionado sobre a falta de
avaliação dos professores universitários -algo que o governo
gostaria de introduzir.
"O professor Leite Lopes está
fora da realidade", disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza. "Ele desconhece a política do governo para o ensino
superior, principalmente no que
diz respeito ao investimento para a graduação e ao investimento
à pesquisa na pós-graduação",
afirmou.
(RBN)
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