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LIVROS
Consultores do ministério detectam incorreções em textos elaborados para o primeiro grau
Material didático de ciências tem
erros de astronomia, diz o MEC
RICARDO BONALUME NETO
enviado especial a Natal
Todos os livros didáticos de primeiro grau de ciências examinados pelos consultores do MEC
(Ministério da Educação) têm pelo
menos um erro de astronomia, segundo o astrônomo João Batista
Garcia Canalle, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro).
O livro chega aos seis consultores de astronomia sem capa, nome
do autor e da editora ou qualquer
outro elemento que possa identificá-los, disse Canalle ontem, na 50ª
Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência), em Natal (RN).
O livro pode ser reprovado -caso em que não entra nas listas do
MEC- ou aprovado, com três
graus possíveis. "Não se trata de
censura", diz o astrônomo, que é
também coordenador da comissão de ensino da Sociedade Astronômica Brasileira.
Exemplos perigosos
"Na área de ciências, um livro
três estrelas é raridade", afirma
Canalle. O MEC quer que os livros
não contenham erros ou preconceitos e que não ponham em risco
a vida do aluno com experimentos
ou sugestões perigosas.
Um dos livros examinados sugere às crianças simular o movimento da Terra em torno do Sol, usando uma laranja espetada em um
palito e uma vela no centro da sala.
O risco de deixar uma criança pequena brincar com fogo não passou pela cabeça do autor.
Canalle deu o exemplo de um
método fácil para explicar a proporção entre o Sol e os planetas,
com o uso de materiais simples.
Uma bexiga inflada por um aspirador de pó até o diâmetro preestabelecido por um barbante representa o Sol. Nessas dimensões, Júpiter lembra uma laranja e a Terra,
uma ervilha pequena.
Além dos erros, muitos livros
forçam o aluno a memorizações
em prejuízo da capacidade de raciocinar. "Os livros não têm sugestões de olhar para o céu. São de
uma pobreza incrível."
Um dos livros mencionava o
"tamanho do Universo". Além
da idéia ser um absurdo, mesmo
que fosse verdade, o número estaria errado. Canalle calculou que a
luz levaria menos de dois dias para
percorrer esse "Universo".
Nem tudo é desgraça. A avaliação continua, e algumas editoras
já estão fazendo correções. "A
qualidade está melhorando",
conclui Canalle.
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