FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Santos

O episódio que resultou na expulsão da guarnição do Corpo de Bombeiros provocou o temor de que, a exemplo do Rio de Janeiro, traficantes estejam criando nos morros de Santos "zonas liberadas" -fora do controle da polícia.
No último dia 7, depois de apagar um incêndio na mata, os bombeiros foram ameaçados por um homem encapuzado que portava um fuzil. Ele teria afirmado que a guarnição estava sob a mira de metralhadoras e deveria deixar o local. Os bombeiros obedeceram.
Os traficantes do morro São Bento abastecem principalmente a região conhecida como "Cracolândia", que compreende as imediações da estação rodoviária e do túnel Rubens Ferreira Martins, área próxima à entrada da cidade.
Nos 19 morros da cidade, vivem pouco mais de 50 mil dos 412 mil habitantes da cidade.
"Santos tem características geográficas extremamente parecidas com as do Rio. Além disso, aqui está o maior porto da América Latina, que dá a possibilidade de a droga transitar com facilidade", diz o prefeito Beto Mansur (PPB).
Moradores que evitam se identificar, temendo represálias, afirmam que os traficantes chegam a promover revistas nas pessoas que entram e saem dos morros.
Em pontos estratégicos, como lajes, telhados de casas e a mata, "olheiros" estariam a serviço dos chefes do tráfico, fazendo a vigilância sobre a circulação de pessoas pelos morros.



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