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SAÚDE
Secretaria da Saúde do Estado ainda não havia colocado o projeto em prática por medo de sofrer ações na Justiça
Aprovada lei de distribuição de seringas
LUCIA MARTINS
da Reportagem Local
A Assembléia Legislativa aprovou ontem lei que prevê a distribuição e troca de seringas descartáveis para usuários de drogas injetáveis no Estado de São Paulo.
A Secretaria da Saúde do Estado
pode começar a distribuir imediatamente após a regulamentação da
lei. Ela foi enviada ao governador
Mário Covas, que tem 15 dias para
sancioná-la, e depois terá mais 30
dias para ser regulamentada.
A idéia de trocar seringas é antiga
porque o uso de drogas injetáveis é
hoje a principal forma de transmissão do HIV (que causa a Aids)
no Estado (leia texto nesta página).
A secretaria já havia divulgado
que pretendia começar o programa neste mês. Mas até agora ela
não colocou o projeto em prática,
porque tem medo que ele seja barrado por ações na Justiça.
Em 1995, projeto semelhante iniciado pela Prefeitura de Santos
(SP) foi barrado na Justiça por um
mandado de segurança do Ministério Público da cidade.
A ação foi baseada no argumento
que distribuir seringas estimula o
uso de drogas e, por isso, fere a Lei
de Entorpecentes.
O contra-argumento é que na
época dessa lei (de 1976) a Aids
ainda não existia. "Agora será
mais difícil barrar a idéia", afirma
o deputado Paulo Teixeira (PT),
autor da lei.
Diz a lei estadual que a "secretaria está autorizada a adquirir e distribuir seringas descartáveis aos
usuários de drogas".
Segundo o promotor de Justiça
de São Paulo e professor de direito
penal da Faculdade de Direito da
Universidade Paulista Roberto Livianu, a existência de uma lei estadual não impede que qualquer
pessoa tente barrar a distribuição
baseada na Lei de Entorpecentes,
que é federal.
"Se alguém usa o argumento de
que o programa estimula o uso de
drogas, a questão vira uma questão da União. A lei estadual não
tem valor", diz.
Livianu afirma, no entanto, que
a existência de uma lei estadual
"solidifica e fortifica a intenção do
governo de tentar levar adiante um
programa de saúde pública".
Data indefinida
A Secretaria da Saúde do Estado
ainda não definiu o dia em que começa o programa de distribuição.
A idéia inicial é fazer um projeto
piloto em sete cidades (entre elas
São Paulo), onde já existe uma estrutura para realizar o programa
(chamado Redução de Danos).
Outras três cidades estão em processo de instalação.
"Com a aprovação da lei, a gente
vai discutir a regulamentação o
mais rápido possível e colocá-la
em prática", afirma Alexandre
Grangeiro, coordenador-adjunto
do Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids da Secretaria da Saúde do Estado.
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