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GUERRA DOS MENINOS
Segundo ele, complexo da Imigrantes fechará os portões quando número de internos chegar a 1.200
Diretor diz que vai limitar vagas na Febem
MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local
LUIZ CARLOS MURAUSKAS
repórter-fotográfico
O diretor da Febem Imigrantes,
Lucimar da Silva Souza, disse ontem que vai parar de receber menores nas duas UAPs (Unidades
de Acolhimento Provisório) do
complexo, caso o número de
atendidos volte a ultrapassar
1.200.
Antes da fuga de 644 internos,
no último fim-de-semana, as quatro alas das UAPs do complexo,
que conta também com unidades
educacionais, abrigavam 1.430
adolescentes. A superlotação é
apontada como o principal motivo para a rebelião e a fuga.
Ontem, o complexo da Imigrantes recebeu mais 40 menores
vindos da Unidade de Atendimento Inicial (UAI), no Brás, e
passou a contabilizar 1.149 adolescentes.
"Quando tiver 1.200 de novo, será inviável manter o atendimento.
Isso aqui vai parar. Sugerimos,
para evitar uma tragédia, que novos menores sejam mandados para unidades educacionais ou outros tipos de atendimento", disse
Souza em entrevista exclusiva à
Folha.
Pedagogo com pós-graduação
em psicopedagogia, há um ano e
oito meses à frente da Febem Imigrantes, Souza resolveu falar após
as acusações de que os monitores
torturam os adolescentes.
Apesar de fazer críticas ao sistema, Souza não autorizou a reportagem a entrar no complexo e fotografar as condições em que trabalham os monitores e vivem os
menores, alegando não ter liberdade para isso.
"Já posso ser punido por essa
entrevista, imagina se abrisse as
portas. Mas preciso falar."
Souza nega que as agressões sejam o cotidiano do complexo. Para ele, as imagens obtidas por
uma rede de TV, em que aparecem monitores agredindo menores dominados, mostraram "um
excesso, gerado por descontrole
emocional" (leia texto abaixo).
"Quem nos acusa de sermos
violentos e malpreparados são os
mesmos que acreditam na internação", disse Souza, lamentando
o fato de as UAPs que administra
serem o principal destino de menores infratores, primários ou
reincidentes.
São Paulo, segundo o Ministério
da Justiça, responde por 53% dos
adolescentes infratores internados em todo o país.
"Temos aqui desde o menino
que roubou uma laranja na feira
ao ladrão de banco", disse.
Souza reclama que promotores
exigem novas avaliações depois
que a Febem diagnostica que menores podem voltar para casa.
"A gente diz que os meninos estão aptos a voltar à sociedade, mas
eles pedem avaliações complementares, aumentando a decepção e a raiva dos garotos", disse.
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