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Antidiabético previne doença, diz estudo
Pesquisa mostra que remédio já usado no tratamento da diabetes reduz as chances de desenvolver a enfermidade
Foram analisadas 5.629 pessoas, de 21 países, com índices glicêmicos acima do normal; para médicos, ideal é paciente mudar estilo de vida
CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A COPENHAGUE
Um remédio já usado para
tratar diabetes também previne o surgimento da doença, segundo estudo canadense divulgado ontem em Copenhague
(Dinamarca). O trabalho, patrocinado também por um dos
laboratórios envolvidos na pesquisa, envolveu 5.269 pessoas
de 21 países, inclusive o Brasil.
Foram selecionadas pessoas
com idade média de 55 anos
com índices glicêmicos acima
do normal, mas sem diabetes
(chamadas de pré-diabéticas).
Durante três anos, metade do
grupo recebeu a substância rosiglitazona, e a outra metade,
placebo. As que usaram a droga
tiveram 60% menos chances de
desenvolver diabetes em relação àquelas que receberam placebo. E 50% delas apresentaram redução dos níveis de glicose. O efeito colateral mais
freqüente, em 5% dos pacientes, foi ganho de peso.
"Se podemos prevenir diabetes, podemos também prevenir
doenças cardiovasculares e dos
olhos [retinopatia diabética] e
outros problemas provocados
pela diabetes", disse à Folha o
pesquisador Hertzel Gerstein,
professor de endocrinologia da
Universidade de McMaster
(Canadá). O estudo já foi aprovado pelas revistas científicas
"The Lancet" e "New England
Journal of Medicine".
No Brasil, estima-se que 10%
das pessoas tenham diabetes, e
que outras 12% apresentem resistência à insulina. A droga estudada (fabricada pelo laboratório GlaxoSmithKline, um dos
patrocinadores do estudo) pertence à classe das glitazonas e é
vendida no Brasil há pelo menos cinco anos. Chamadas de
sensibilizadores de insulina,
sua função é diminuir a parede
constituída pelo tecido gorduroso para facilitar sua passagem a fim de que a glicose seja
metabolizada adequadamente.
Segundo Luiz Alberto Andreotti Tunatti, médico do
Hospital das Clínicas (SP) e
que participou do estudo, os resultados são os melhores já documentados. "Não sabemos se
os efeitos benéficos [a diminuição dos níveis glicêmicos] vão
continuar mesmo depois de a
pessoa parar o remédio. Vamos
continuar acompanhando."
Ele afirma que, apesar de
provocar ganho de peso, a droga foi capaz de "redistribuí-lo"
de forma benéfica: houve diminuição da gordura abdominal
(considerada a mais perigosa
para o coração) e aumento da
gordura periférica (nas coxas,
por exemplo).
Tunatti lembra que outros
estudos já mostraram que os
antidiabéticos podem proteger
as pessoas com resistência à insulina de desenvolver a diabetes. Sem tratamento ou mudança do estilo de vida, 50%
dos resistentes a insulina podem virar diabéticos.
Para o médico Bernardo
Wajchenberg, coordenador do
centro de diabéticos do Incor,
apesar dos benefícios apresentados pelos antidiabéticos, é
preciso insistir para que os pacientes mudem o estilo de vida.
"É mais fácil tomar remédio do
que ir para a academia, mas temos de insistir."
A repórter CLÁUDIA COLLUCCI viajou a convite
do laboratório Eli Lilli
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