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SAÚDE/GRAVIDEZ
Tratar diabetes gestacional reduz risco de filho ser obeso
Pesquisa nos EUA acompanhou 9.439 grávidas e filhos entre os 5 e os 7 anos
Crianças cujas mães não trataram a doença tiveram 89% de chances de ter sobrepeso e 82% de se tornar obesas
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma pesquisa divulgada recentemente nos Estados Unidos mostrou que grávidas com
diabetes gestacional podem, se
tratadas, reduzir a chance de
que seus filhos tenham problemas de obesidade no futuro.
O estudo, publicado na revista americana "Diabetes Care",
acompanhou 9.439 grávidas e
seus filhos entre os cinco e os
sete anos de idade. As crianças
cujas mães conseguiram reduzir o açúcar no sangue durante
a gravidez tiveram, em média,
29% de chances de ter sobrepeso e 38% de se tornar obesas.
Os riscos, aparentemente altos, foram muito baixos comparados ao dos filhos de mães
que não fizeram nenhum tipo
de tratamento para combater o
diabetes gestacional. Eles tiveram pior desempenho na balança e registraram 89% de
chances, em média, de ficar
com sobrepeso entre os 5 e os 7
anos, e 82% de ser obesos.
Segundo especialistas, outros fatores como a obesidade
da mãe, que pode ser hereditária, influem nas chances de o filho ser obeso. Contudo, eles dizem que o estudo é significativo
para demonstrar a importância
de tratar e prevenir a doença.
O diabetes gestacional pode
acontecer em grávidas porque a
placenta produz hormônios
que aumentam a glicemia e exigem uma maior produção de
insulina pelo pâncreas. Quando
o problema não é tratado, pode
haver descompensação e a insulina não combater o açúcar
de maneira adequada, o que pode desencadear o diabetes.
O feto fica sujeito a receber
uma quantidade maior de glicose que o normal, explica o
coordenador do Departamento
de Diabetes e Gestação da Sociedade Brasileira de Diabetes,
Airton Golbert. "Isso pode causar aumento de peso e crescimento excessivo, mas com tratamento é possível evitar a macrossomia (quando o bebê nasce com mais de 4 kg)".
Já o endócrino-pediatra Luis
Eduardo Calliari, professor da
Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, chama a
atenção para o fato de a maioria
das crianças com risco de obesidade na pesquisa não nascerem macrossômicas. "O risco
não é só pelo ganho de peso da
criança durante a gravidez, mas
pelo mau controle da glicemia."
O obstetra Mauro Sancovski
diz que o excesso de insulina no
bebê facilita o depósito de gordura nas células e a resistência
à insulina, o que pode causar
uma obesidade no futuro. Em
situações graves, o feto pode ter
problemas respiratórios ao
nascer, convulsões ou morrer.
Problema hormonal
Nem todas as mulheres estão
sujeitas ao diabetes gestacional. A doença está relacionada a
um problema hormonal, não
simplesmente à alimentação. É
manifestada por pessoas com
carga genética que determine
tendência, por meio da resistência à insulina, por exemplo.
Pessoas obesas também têm
mais chances de apresentar o
problema. Obesidade, aliás, que
é um problema crescente no
Brasil e já crônico nos EUA.
O estudo do Centro de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente é um dos que tenta explicar as conseqüências do sobrepeso na população. Entre as
9.439 mulheres de diferentes
nacionalidades analisadas nos
EUA, 7.609 tiveram glicemia
normal, 173 tiveram diabetes
gestacional e não fizeram tratamento, e 370 o trataram.
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