São Paulo, domingo, 16 de setembro de 2007

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SAÚDE/GRAVIDEZ

Tratar diabetes gestacional reduz risco de filho ser obeso

Pesquisa nos EUA acompanhou 9.439 grávidas e filhos entre os 5 e os 7 anos

Crianças cujas mães não trataram a doença tiveram 89% de chances de ter sobrepeso e 82% de se tornar obesas

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pesquisa divulgada recentemente nos Estados Unidos mostrou que grávidas com diabetes gestacional podem, se tratadas, reduzir a chance de que seus filhos tenham problemas de obesidade no futuro.
O estudo, publicado na revista americana "Diabetes Care", acompanhou 9.439 grávidas e seus filhos entre os cinco e os sete anos de idade. As crianças cujas mães conseguiram reduzir o açúcar no sangue durante a gravidez tiveram, em média, 29% de chances de ter sobrepeso e 38% de se tornar obesas.
Os riscos, aparentemente altos, foram muito baixos comparados ao dos filhos de mães que não fizeram nenhum tipo de tratamento para combater o diabetes gestacional. Eles tiveram pior desempenho na balança e registraram 89% de chances, em média, de ficar com sobrepeso entre os 5 e os 7 anos, e 82% de ser obesos.
Segundo especialistas, outros fatores como a obesidade da mãe, que pode ser hereditária, influem nas chances de o filho ser obeso. Contudo, eles dizem que o estudo é significativo para demonstrar a importância de tratar e prevenir a doença.
O diabetes gestacional pode acontecer em grávidas porque a placenta produz hormônios que aumentam a glicemia e exigem uma maior produção de insulina pelo pâncreas. Quando o problema não é tratado, pode haver descompensação e a insulina não combater o açúcar de maneira adequada, o que pode desencadear o diabetes.
O feto fica sujeito a receber uma quantidade maior de glicose que o normal, explica o coordenador do Departamento de Diabetes e Gestação da Sociedade Brasileira de Diabetes, Airton Golbert. "Isso pode causar aumento de peso e crescimento excessivo, mas com tratamento é possível evitar a macrossomia (quando o bebê nasce com mais de 4 kg)".
Já o endócrino-pediatra Luis Eduardo Calliari, professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo, chama a atenção para o fato de a maioria das crianças com risco de obesidade na pesquisa não nascerem macrossômicas. "O risco não é só pelo ganho de peso da criança durante a gravidez, mas pelo mau controle da glicemia."
O obstetra Mauro Sancovski diz que o excesso de insulina no bebê facilita o depósito de gordura nas células e a resistência à insulina, o que pode causar uma obesidade no futuro. Em situações graves, o feto pode ter problemas respiratórios ao nascer, convulsões ou morrer.

Problema hormonal
Nem todas as mulheres estão sujeitas ao diabetes gestacional. A doença está relacionada a um problema hormonal, não simplesmente à alimentação. É manifestada por pessoas com carga genética que determine tendência, por meio da resistência à insulina, por exemplo.
Pessoas obesas também têm mais chances de apresentar o problema. Obesidade, aliás, que é um problema crescente no Brasil e já crônico nos EUA.
O estudo do Centro de Pesquisa em Saúde Kaiser Permanente é um dos que tenta explicar as conseqüências do sobrepeso na população. Entre as 9.439 mulheres de diferentes nacionalidades analisadas nos EUA, 7.609 tiveram glicemia normal, 173 tiveram diabetes gestacional e não fizeram tratamento, e 370 o trataram.


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