São Paulo, quarta-feira, 16 de outubro de 2002

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Válvula aberta causou incidente

DO ENVIADO A MACAÉ (RJ)
DA SUCURSAL DO RIO

A plataforma P-34 adernou porque os profissionais a bordo não conseguiram, por meios eletrônicos e manuais, fechar as válvulas que regulavam a passagem de óleo entre os tanques da embarcação.
A Folha apurou que o equipamento que regula as válvulas deixou de operar devido a uma pane no sistema elétrico. O gerador de emergência não funcionou. A tentativa de fechamento manual fracassou.
Como nenhum sistema deu certo, o óleo passou a circular livremente entre os tanques. Com o movimento das ondas, os 11 milhões de litros se acumularam do lado esquerdo da embarcação, que, por causa do peso, adernou.
Dois dias antes, a P-34 havia transferido uma carga de óleo para um navio. Após a operação, o óleo que não foi transferido foi reordenado para que os 17 tanques ficassem com a mesma quantidade, o que facilita o equilíbrio da embarcação.
No dia do acidente, as 17 válvulas estavam abertas para que o óleo fosse redistribuído entre os tanques. Com a pane, os petroleiros que supervisionavam a operação perderam o controle sobre as válvulas.
O diretor-gerente de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Tadeu Fraga, disse à Folha que a equipe que estava na plataforma tentou, mas não conseguiu, fechar as válvulas.
Segundo ele, não houve tempo para concluir o serviço porque a plataforma começou a adernar com rapidez. Preocupados com o risco de um naufrágio, os responsáveis pela plataforma determinaram que todos deixassem a P-34.
Como o barco salva-vidas disponível para a equipe estava inacessível, por causa da inclinação, cerca de 30 petroleiros que não tinham sido resgatados pularam no mar e buscaram socorro.

Bloqueio
A Petrobras está dificultando o acesso da imprensa a informações sobre o acidente. Os integrantes da cúpula da empresa não estão falando publicamente sobre o assunto. Todos os que falaram até agora são diretores-gerentes, cargo de terceiro escalão -abaixo do presidente e dos diretores.
Nenhuma entrevista coletiva foi convocada para tirar as dúvidas que persistem. Quase todas as informações foram dadas por meio de notas oficiais. O presidente da Petrobras, Francisco Gros, não falou sobre o assunto e não foi à Macaé, onde fica a base da empresa na bacia de Campos.
Para obter uma informação que não esteja nas notas, o procedimento recomendado pela assessoria da empresa é enviar e-mails com as questões desejadas. Nenhum dos quatro pedidos apresentados pela Folha nos últimos dois dias foi respondido.


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