São Paulo, domingo, 16 de outubro de 2005

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CONVERSA AO PÉ DO OUVIDO

Projeto tenta nova estratégia de convencimento

Ex-morador de rua busca ex-colegas para albergue

DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão do prefeito José Serra (PSDB) irá integrar ex-moradores de rua às equipes que tentam levar para albergues pessoas que vivem nas vias da cidade.
O piloto do projeto terá a participação de 20 albergados, que trabalharão no programa de agentes de proteção social da prefeitura. Eles receberão bolsa de R$ 363 por mês. O contrato é de seis meses, podendo ser renovado pelo mesmo período.
A idéia do projeto é aproveitar a experiência dos ex-moradores de rua para facilitar o convencimento dos que resistem em ir para os albergues da prefeitura.
"Eles têm uma linguagem mais acessível ao pessoal que está na rua", afirmou o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro. Também participam do programa as pastas do Trabalho e das Subprefeituras.
Os 20 participantes do projeto-piloto começarão a trabalhar no final deste mês -eles se unirão a uma equipe que já conta com 120 agentes de convencimento.
De acordo com a prefeitura, há hoje em São Paulo cerca de 3.000 moradores de rua.
A prefeitura mantém outros dois programas de trabalho para moradores de rua. Um deles formou pessoas para trabalhar no calçamento das ruas.
No outro, feito em parceria com a USP (Universidade de São Paulo), eles são capacitados em duas funções, que podem ser escolhidas entre jardinagem, calçamento ou pintura, entre outras. Todos recebem a bolsa de R$ 363.

Polêmica
Ao mesmo que tempo que oferece treinamento a moradores de rua, a gestão Serra vem sendo criticada devido a políticas que envolvem essa população.
Um dos pontos mais atacados foi a construção de rampas com piso áspero na passagem subterrânea que liga a avenida Paulista à Doutor Arnaldo -a obra evita que pessoas durmam no local.
O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP João Whitaker, por exemplo, afirmou que a gestão vem fazendo uma "limpeza social", expulsando "a população pobre das áreas mais ricas, do centro expandido". Uma dessas ações ocorreu na ""cracolândia".
Serra disse que a obra foi feita porque o local era um refúgio para criminosos, e não para expulsar os moradores de rua.
Tanto Serra quanto seu secretariado rebateram, com veemência, que a administração venha adotando políticas higienistas, como vem afirmando o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, ligada à Igreja Católica.


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