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CRIME NO CAMPUS
Autor do golpe, que dividia república com vítima e estudava na mesma sala, será transferido para prisão
300 se despedem com aplausos de aluno da USP morto a facada
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi com uma salva de palmas
que cerca de 300 amigos e parentes se despediram às 11h de ontem
do estudante de jornalismo da
USP Rafael Azevedo Fortes Alves,
21, assassinado anteontem a facada, dentro da rádio USP, por um
colega de república e de curso.
Muito emocionados e silenciosos durante todo o velório, até começaram a cantar "Tente Outra
Vez", de Raul Seixas, mas não
conseguiram chegar ao fim do refrão, que diz: "Não diga que a canção está perdida/Tenha em fé em
Deus/tenha fé na vida...".
A letra era uma das preferidas
de Rafael e foi escolhida por sua
namorada. A mãe do estudante,
Maria Lúcia, não assistiu ao enterro. Abraçado às duas filhas, o pai,
o economista Ricardo Fortes Alves, disse que o filho foi humilde,
respeitador e que "venceu uma
batalha". Ilana, a irmã mais nova,
passou o velório pedindo para
não levarem Rafael embora. Uma
colega de classe de Rafael teve
uma crise e saiu carregada.
Os amigos de Rafael distribuíram flores e afixaram uma faixa
preta: "Nossas lutas, sonhos e
ideais são os mesmos. Valeu bróder". Ao ver a faixa, a irmã mais
velha, Isabele, se ajoelhou e chorou. Um ônibus levou mais de 20
estudantes da USP para o cemitério de Caieiras (Grande SP).
Chocados, os colegas pouco falaram. A pesquisadora de internet
Fátima Guimarães, que trabalhou
com Rafael, disse que ele "tinha
paixão pelo que fazia. Gostava de
comunicação social e tinha iniciativa, mas seu sonho foi interrompido". Rafael estava no 2º ano de
jornalismo e trabalhava na rádio
USP havia cerca de um ano.
O assassino, Fábio Le Senechal
Nanni, continuava preso em uma
delegacia com outros detentos.
Será transferido para uma prisão
no começo da semana.
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