|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Brasil fica entre os piores em ranking de salas de aula lotadas
Para OCDE, situação do país melhorou, mas média é de 30 alunos por classe do 5º ao 9º ano
Nos demais países pesquisados, salas têm média de 24 estudantes; educadores dizem que é preciso investir mais
FÁBIO TAKAHASHI
TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO
As turmas de ensino fundamental do Brasil têm, em
média, seis alunos a mais do
que as de nações desenvolvidas. A notícia positiva é que a
situação do país melhorou.
A conclusão está presente
na edição 2010 de um estudo
anual da OCDE, organização
que reúne países desenvolvidos. A entidade analisou a situação educacional de 39
países, incluindo convidados como Brasil e Rússia.
Nas classes de 5º a 9º ano
das escolas brasileiras há,
em média, 30 alunos. Nos demais países analisados, 24.
Rússia e Eslovênia, por
exemplo, estão na casa dos
20 estudantes por turma.
Classes mais numerosas
prejudicam a qualidade de
ensino, pois os professores
têm mais dificuldade para saber as deficiências individuais dos alunos, dizem educadores ouvidos pela Folha.
A situação do Brasil é um
pouco melhor nos anos iniciais do ensino fundamental
(1º a 5º ano), onde há, em média, 25 alunos por sala. No
grupo analisado, são 21. Os
dados são de 2008 e consideram rede pública e privada.
O relatório destaca ainda
que o tamanho das turmas
no Brasil diminuiu em relação a 2000, quando no primeiro ciclo havia um estudante a mais por turma e, no
ciclo final, quatro a mais.
FALTA DE ESTRUTURA
A presidente do Consed
(Conselho Nacional de Secretários de Educação), Yvelise
Arco-Verde, reconhece o excesso de alunos por sala.
"Uma grande quantidade
de alunos diminui a possibilidade de um melhor trabalho do professor", afirma ela.
Para Yvelise, que também
é secretária de Educação do
Paraná, o problema é decorrência de "atraso educacional" histórico.
O presidente da Undime
(União dos Dirigentes de Instituições Municipais), Carlos
Eduardo Sanches, credita o
problema à falta de investimentos. "Precisamos de investimento público em educação, sobretudo da União.
Quando tivermos mais dinheiro, vamos enfrentar o
problema", afirma.
O presidente da CNTE
(confederação dos trabalhadores em educação), Roberto
Leão, concorda. Para ele, "fica o recado no Dia do Professor [comemorado ontem]
que é preciso aumentar o investimento, para construir
mais classes e contratar mais
educadores."
O Ministério da Educação
diz que o comprometimento
do governo federal com a
educação básica saltou de
cerca de R$ 500 milhões para
aproximadamente R$ 10 bilhões ao ano.
CONSEQUÊNCIAS
Romualdo Portela de Oliveira, professor da Faculdade de Educação da USP, pondera que a média registrada
pelo Brasil no estudo está
"em um patamar razoável".
"Lógico que há casos absurdos. O país tem que trabalhar ainda com quem está fora da média, mas em princípio não parece complicado".
Segundo ele, salas com excesso de alunos dificultam as
condições de trabalho do
professor e, além de atrapalhar o processo de aprendizagem do estudante, aumentam o estresse dos docentes.
Reportagem publicada na
semana passada na Folha
apontou que, em SP, são dadas, em média, 92 licenças
por dia para professores com
problemas emocionais.
Texto Anterior: Foco: Diretor de "Tropa de Elite" critica UPPs porque "a polícia corrupta continua" Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros
|