São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2010

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FOCO

Diretor de "Tropa de Elite" critica UPPs porque "a polícia corrupta continua"

MARCELO BORTOLOTI
ITALO NOGUEIRA

DO RIO

O cineasta José Padilha, diretor do filme "Tropa de Elite 2", criticou a política de segurança pública do Rio e a Polícia Militar do Estado.
Em debate sobre o filme, disse que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), principal programa de segurança do governo, resolvem só a "parte fácil" do tema.
"A polícia corrupta continua a mesma. E é esta polícia que está ocupando as favelas cariocas. Quem garante que no futuro elas não se tornarão milícias?", questionou.
Padilha disse não acreditar na tese esquerdista de que a origem da violência está na miséria, nem na tese de direita de que o crime só pode ser combatido com repressão.
Para ele, é a máquina pública corrupta e mal administrada que transforma a miséria em violência e origina a criminalidade. "A violência tem a ver com a forma como se faz política hoje no Brasil."
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que a UPP não é "uma panaceia". E disse que sua gestão combate também a corrupção e tem outras políticas para reduzir a violência.
"A corrupção existe em vários lugares. Do serviço público e da iniciativa privada. Tenho consciência que a UPP não resolve todos os problemas", disse ele, no alto do morro dos Macacos, ocupado anteontem pelo Bope para a instalação da 13ª UPP.
"Mas estamos vivendo um momento em que precisamos ver as igualdades, e não as diferenças. Estamos com mais de 150 mil pessoas livres da imposição de armas."

FIM DA PM
Também presente no debate, organizado pelo jornal "O Globo", o antropólogo Luiz Eduardo Soares, um dos autores do livro "Elite da Tropa", defendeu o fim da PM do Rio. Para ele, a polícia é a fonte das milícias.
"O centro dinâmico da criminalidade no Rio é a polícia. É preciso desconstruir esta polícia e construir outra."
Beltrame classificou como "simplista" a proposta de Soares. "Estamos mostrando que a PM tem condição de dar as respostas que a gente quer. Tem problemas, mas é muito simplista fazer esse tipo de alegação."


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