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MANÍACO DO PARQUE
Pereira diz ter admitido a morte de Patrícia Marinho em inquérito policial por ter sofrido "pressões"
Motoboy é interrogado e nega 1 assassinato
Moacyr Lopes Jr./Folha Imagem
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Os pais do motoboy, Maria Helena e Nelson Pereira, aguardam em plenário o início do interrogatório do filho
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SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O motoboy Francisco de Assis Pereira, 31, negou na manhã de ontem qualquer responsabilidade na
morte da vendedora Patrícia Gonçalves Marinho, 24. Ele foi interrogado durante uma hora e meia pelo juiz José Ruy Borges Pereira, do
1º Tribunal do Júri, em processos
onde é acusado por três assassinatos ocorridos no parque do Estado
(zona sudeste de SP). Não foram
permitidas imagens do motoboy,
que permaneceu algemado durante toda a sessão.
O depoimento à Justiça contradiz o inquérito policial, no qual
Pereira, o maníaco do parque,
confessa o crime.
A vendedora desapareceu no dia
17 de abril, depois de sair do trabalho em uma loja na rua Direita (região central de SP). Seu corpo foi
encontrado em 28 de julho.
De acordo com os documentos
policiais, no entanto, Pereira admitiu o crime em 28 de agosto,
dando detalhes da execução.
Ele teria dito à polícia que conheceu Patrícia em uma galeria da
rua 24 de Maio (região central), de
onde os dois seguiram de moto
para um suposto acampamento
no parque do Estado.
Na mata, segundo o inquérito
policial, Pereira teria estuprado e
matado a vendedora por asfixia
usando os cadarços de suas botas.
Ontem, no entanto, Pereira disse
ter confirmado a autoria do homicídio porque sofreu "pressões".
Em depoimento confuso e citando Deus a toda hora, o motoboy
afirmou que a polícia o fez ler jornais e ver fotos de Patrícia para depois construir uma história sobre
a vendedora. "Disse tudo isso
com base no que li e na minha própria vida. A história é parecida
com o que já fiz", declarou.
Em seguida, ele disse ter confundido Patrícia Gonçalves Marinho
com uma mulher de nome Patrícia
com quem namorou e que também levou ao parque. No entanto,
depois de ter contado a história à
polícia, o motoboy teria conseguido lembrar que a moça de quem
falava saíra com vida da mata.
"Se eles tivesse me levado ao local eu teria lembrado de tudo",
afirmou Pereira. "Eu não matei
essa moça. Nunca a vi", disse ao
examinar fotos anexas ao processo. "Muita gente entra lá (no parque do Estado). Há muitas trilhas.
Falei isso porque sofri pressões."
Pereira disse ainda que foi submetido a reconhecimento com
pessoas "perfumadas e bem vestidas", o que induziria as outras supostas nove vítimas de violência
que sobreviveram aos ataques do
maníaco a apontá-lo como culpado. "Duas delas, nunca vi."
Segundo o juiz Ruy Borges, as
declarações do motoboy serão encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil. Nem a família do acusado, nem a advogada de defesa de
Pereira deram detalhes das supostas "pressões" a que ele teria sido
submetido durante o inquérito. O
Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP) afirmou apenas que a apuração dos
fatos agora cabe à Justiça.
O motoboy também depôs ontem sobre o assassinato da telefonista Rosa Alves Neta, 21, desaparecida em 24 de maio. Ele admitiu
ter matado Rosa por estrangulamento e manteve as declarações
que deu à polícia. Disse ainda ter
sido "fácil demais" levar a telefonista do parque Ibirapuera (zona
sudoeste) à mata do parque do Estado
No terceiro interrogatório, sobre
uma vítima não identificada cujo
cadáver foi encontrado ao lado do
corpo de Rosa, o motoboy disse
apenas não ter nenhuma lembrança do crime. "Não nego, mas não
me recordo", afirmou. Pelos os
documentos policiais, ele admitiu
o assassinato.
Os crimes, segundo Pereira, geravam-lhe um sentimento confuso de satisfação e arrependimento.
O motoboy encerrou seu depoimento dizendo que se sente mais
livre na prisão do que fora dela e
que, se for solto sem ser tratado,
acha que voltaraá a matar.
Pereira é formalmente acusado
de nove homicídios. Para a polícia,
ele confessou sete desses casos,
negou um e foi evasivo nas declarações sobre o nono caso. Ele confessou, no entanto, ter matado
também outras duas mulheres,
mas elas não tiveram os corpos
encontrados e, por isso, não há inquérito instaurado.
O juiz não muda
verdade
dez testemunhas
"Agora cabe ao Ministério Público apresentar as provas"
O juiz acredita que o processo que apura a morte de Selma Ferreira Queroz, 18, seja finalizado até novembro, com julgamento previsto para fevereiro se não houver recurso das partes. O motoboy já confessou o crime em juízo durante interrogatório anterior.
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