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Juiz deve aceitar parecer de peritos
da Reportagem Local
O juiz José Ruy Borges Pereira,
do 1º Tribunal do Júri, disse ontem que deve aceitar o laudo psiquiátrico que classifica Francisco
de Assis Pereira como semi-imputável. O laudo foi produzido pela
segunda equipe de peritos convocada no processo e divulgado na
última terça-feira.
No dia seguinte, o documento
foi contestado pela advogada de
defesa do motoboy, Maria Elisa
Munhol. A defesa, reforçada ontem pelo advogado Lineu Evaldo Cardoso, 48, pede a anulação do resultado do laudo e a
suspeição do perito Paulo Argarate Vazques. Vazques participou de
algumas sessões feitas pela antiga
equipe de peritos, destituída por
ter permitido a entrada de uma
médica contratada pela defesa.
"A tendência é que eu mantenha a equipe e aceite o laudo",
disse o juiz, após o interrogatório.
"O perito citado acompanhou alguns trabalhos do primeiro grupo
como curioso e tenho certeza de
que se trata de um profissional
idôneo. Não podemos comparar
esse caso ao que aconteceu anteriormente. Da primeira vez, a defesa introduziu uma médica na
junta, não sei como."
Se o laudo for aceito, Pereira deverá ser levado a júri popular, podendo ser recolhido a uma prisão
comum. Se fosse considerado
inimputável (doente mental), tese
defendida pela defesa, o motoboy
seria isento de culpa e, sem julgamento, iria a um manicômio.
A advogada de Pereira afirmou
ontem que o depoimento de seu
cliente também a pegou de surpresa, o que reforça a tese de que se
trata de um doente mental.
A opinião é a mesma dos pais do
motoboy. Em entrevista coletiva
concedida na tarde de ontem em
um café no Paraíso (zona sudoeste), o pescador Nelson Pereira, 51,
e a dona de casa Maria Helena de
Souza Pereira, 51, reclamaram de
não terem sido ouvidos pela equipe de peritos. Segundo eles, o depoimento chegou a ser marcado e
acabou cancelado.
"Se a primeira equipe foi afastada, o que ela fez também não pode
valer", disse o pescador. "Eles tinham que nos ouvir de novo."
O juiz Ruy Pereira afirmou que
cabe aos peritos decidir os depoimentos que eles desejam ou não
ouvir para elaboração do laudo
psiquiátrico, e que nada os obriga
a considerar novas declarações
dos pais do acusado.
O pescador e a dona de casa disseram ainda temer pela vida do filho se ele for condenado a cumprir
pena em uma prisão comum.
"Ele não é normal. Bateu muito
a cabeça, sofreu muito acidente e
isso deixou sequela. Ele precisa de
tratamento", disse Maria Helena.
"Mandá-lo para a cadeia comum
é a mesma coisa que decretar a pena de morte dele. Num lugar desses vão matar o Francisco."
Os pais afirmam não ter nenhuma dúvida de que o motoboy cometeu uma série de crimes, mas
acreditam que se ele for tratado
tem condições de voltar ao convívio social. Os dois assistiram ao
depoimento de Pereira com uma
platéia de cerca de cem pessoas.
Ao final, disseram não saber se o
filho é ou não culpado pela morte
de Patrícia.
(SC)
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