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Cresce número de mortos pela polícia
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
O número de pessoas mortas pela Polícia Civil de São Paulo aumentou mais de 100%. Esse é o
principal dado do relatório trimestral da Ouvidoria da Polícia do
Estado de São Paulo divulgado
ontem. A avaliação é do ouvidor
Benedito Domingos Mariano.
De janeiro a setembro deste ano,
a ouvidoria recebeu informações
(cerca de 90% delas passadas pela
própria Delegacia Geral) de que 45
pessoas foram mortas pela Polícia
Civil. O dado oficial é maior. No
entanto, em descumprimento a
uma determinação da Secretaria
da Segurança, ele não vem sendo
divulgado (pela própria secretaria) desde o meio do ano.
O último balanço, publicado no
"Diário Oficial do Estado" em junho passado, mostrava que 11 pessoas haviam sido mortas por policiais civis até maio. Em todo o ano
passado, haviam sido 19. Comparando o último número com o dado da ouvidoria, até setembro o
crescimento já atingia 136,8%.
Se forem comparados apenas os
dados da ouvidoria e em período
idêntico (de janeiro a setembro), o
avanço é de 309% entre este ano e
o ano passado: 45 contra 11.
"É um crescimento muito grande, em se tratando de uma polícia
que não é repressiva", afirmou
Mariano. Para combater o avanço
do problema, o ouvidor defende a
extinção do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e do Goe (Grupo de Operações Especiais), setores da Polícia
Civil que, segundo ele, responsáveis pela maioria das mortes.
Os homicídios envolvendo policiais militares também aumentaram em relação ao ano passado.
Pelas denúncias chegadas à ouvidoria, o crescimento foi de 272%
de janeiro a setembro deste ano
em relação a igual período do ano
passado (227 contra 61).
Segundo dados da Corregedoria
da PM, o crescimento é menor:
12% (336 contra 300). "Percentualmente, o aumento do número
de mortes pela Polícia Civil é
maior, mas isso não quer dizer
que 336 seja um número razoável.
É muito alto", disse o ouvidor.
O setor de imprensa da Polícia
Civil afirmou que o crescimento
existiu por causa do aumento de
confrontos entre criminosos e os
grupos especializados de repressão. Mais uma vez, o comando da
PM não se manifestou.
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