São Paulo, sexta, 16 de outubro de 1998

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Cresce número de mortos pela polícia

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

O número de pessoas mortas pela Polícia Civil de São Paulo aumentou mais de 100%. Esse é o principal dado do relatório trimestral da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo divulgado ontem. A avaliação é do ouvidor Benedito Domingos Mariano.
De janeiro a setembro deste ano, a ouvidoria recebeu informações (cerca de 90% delas passadas pela própria Delegacia Geral) de que 45 pessoas foram mortas pela Polícia Civil. O dado oficial é maior. No entanto, em descumprimento a uma determinação da Secretaria da Segurança, ele não vem sendo divulgado (pela própria secretaria) desde o meio do ano.
O último balanço, publicado no "Diário Oficial do Estado" em junho passado, mostrava que 11 pessoas haviam sido mortas por policiais civis até maio. Em todo o ano passado, haviam sido 19. Comparando o último número com o dado da ouvidoria, até setembro o crescimento já atingia 136,8%.
Se forem comparados apenas os dados da ouvidoria e em período idêntico (de janeiro a setembro), o avanço é de 309% entre este ano e o ano passado: 45 contra 11.
"É um crescimento muito grande, em se tratando de uma polícia que não é repressiva", afirmou Mariano. Para combater o avanço do problema, o ouvidor defende a extinção do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e do Goe (Grupo de Operações Especiais), setores da Polícia Civil que, segundo ele, responsáveis pela maioria das mortes.
Os homicídios envolvendo policiais militares também aumentaram em relação ao ano passado. Pelas denúncias chegadas à ouvidoria, o crescimento foi de 272% de janeiro a setembro deste ano em relação a igual período do ano passado (227 contra 61).
Segundo dados da Corregedoria da PM, o crescimento é menor: 12% (336 contra 300). "Percentualmente, o aumento do número de mortes pela Polícia Civil é maior, mas isso não quer dizer que 336 seja um número razoável. É muito alto", disse o ouvidor.
O setor de imprensa da Polícia Civil afirmou que o crescimento existiu por causa do aumento de confrontos entre criminosos e os grupos especializados de repressão. Mais uma vez, o comando da PM não se manifestou.



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