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São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2003

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Com 90 pontos na carteira, taxista volta a escola

Leonardo Colosso/Folha Imagem
O taxista Ariovaldo de Oliveira, que culpa os radares pelas multas


DA REPORTAGEM LOCAL

"Quantos pontos você tem?", pergunta o senhor para a moça, que sai da sala de aula. "Tenho 23. E você?", responde despretensiosamente. "Ah, nem queira saber. Eu tenho 90 pontos."
O diálogo acima aconteceu há duas semanas, por volta das 11h, no Detran. Os pontos são os decorrentes das infrações de trânsito computadas na carteira de habilitação do infrator. A sala é a escola para os motoristas que ultrapassaram os 20 pontos ou cometeram uma das infrações que são punidas com a suspensão do direito de dirigir.
A moça do diálogo é Camila Santanna, uma publicitária de 23 anos que, em um ano, recebeu cinco multas - três por estacionar em local proibido e duas por excesso de velocidade.
"Sou muito distraída. Estacionei várias vezes em local proibido perto da faculdade. Na última multa, não percebi que andava mais rápido do que o permitido", conta a publicitária.
Mas o curso, em vez de ser uma punição, está funcionando como fonte de informação para a publicitária: "Vou sair daqui mais atenta e até respeitando mais os fiscais de trânsito. Aprendi muitas coisas que não sabia, que não tinham me ensinado na auto-escola", disse a publicitária.
Dividido em quatro aulas de 1h20, o curso ensina primeiros socorros, legislação, ambiente e direção defensiva, surpreendendo até motoristas mais experientes. E o clima na sala de aula é descontraído, com direito a brincadeiras e troca de confidências sobre as infrações de trânsito.
"No começo não queria vir, mas está sendo válido. Aprendemos informações úteis e que não são divulgadas nos jornais e revistas. Todo mundo deveria poder fazer o curso", diz Ariovaldo de Oliveira, 45, que tem 90 pontos acumulados por excesso de velocidade.
Motorista há 24 anos e taxista há 10, ele afirma não correr e diz tomar cuidado no trânsito. Para explicar a quantidade de multas, ele culpa o radar: "Eles colocam o radar muito escondido".
Ele se defende afirmando não saber, muitas vezes, a velocidade permitida na rua em que foi multado, por não ter placas visíveis. "A gente dirige o dia inteiro pela cidade, tem rua que não tem placa e tem radar." (SI)


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