São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

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Bebê anencéfala completa 1 ano na próxima terça-feira

JULIANA COISSI
ENVIADA ESPECIAL A PATROCÍNIO PAULISTA

Perto de completar um ano, na próxima terça, Marcela de Jesus Galante Ferreira é um bebê gordinho que ouve, sorri, reage à luz, senta-se normalmente, emite sons -"gú", "dá", "mã"- e tenta ficar em pé. Mas a menina está longe de ser um bebê normal.
A pediatra Márcia Beani, que a acompanha desde o nascimento, afirma que a menina é anencéfala devido à ausência total de cérebro, que foi confirmada por exame de ressonância magnética feito na última terça-feira. Especialistas em neurologia, no entanto, questionam o diagnóstico de anencefalia devido às atividades do bebê, embora não tenham examinado a criança. Por outro lado, grupos religiosos usam o caso de Marcela como símbolo anti-aborto, já que a Justiça permite a prática quando é diagnosticada a anencefalia.
Normalmente, bebês nesse estado morrem poucas horas após nascer. A lavradora Cacilda Galante Ferreira, sabia disso, mas manteve a gravidez.
Segundo a pediatra, a ressonância magnética mostrou que Marcela tem todo o conduto auditivo formado e perfeito.
Apesar de toda a polêmica envolvendo a bebê, a pediatra reafirma que o caso de Marcela é comprovadamente uma anencefalia. "Marcela é anencéfala. O diagnóstico nunca mudou", ressalta.

Acima do peso
A evolução de Marcela surpreende médicos e a família. No início, a bebê teve três resfriados, convulsão e febre e chegou a receber uma transfusão para combater a anemia. Hoje, está "gorda": pesa em torno de 12 kg, acima do esperado para um bebê de sua idade.
"Olha só as dobrinhas do braço, ó o meu barrigão", brinca Cacilda, com a filha sentada na cama. A todo momento a menina se mexe e ergue o corpo para ficar em pé.
Por causa do sobrepeso, a médica diminuiu a quantidade de leite e papinha de legumes batida, introduzidos por uma sonda. Mas parte da papinha é dada na colher. Desde que teve alta do hospital, em abril, a família tenta fazer com que Marcela leve uma vida normal. Hoje, depende cada vez menos do capacete de oxigênio: fica até 12 horas fora do aparelho.


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