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ENTREVISTA
É a ideologia de que "veado" é para matar, diz escritor
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
Militante dos diretos
dos homossexuais, o escritor João Silvério Trevisan,
66, credita os recorrentes
episódios de homofobia a
uma ideologia de que
"veado é para matar".
Folha - Como se explicam
episódios recorrentes de
homofobia em meio a
avanços de direitos dos homossexuais?
João Silvério Trevisan -
Há um descompasso entre
o que é prometido por leis
ou por políticas públicas e
o que, de fato, acontece.
Qual é a consequência?
Não por acaso, temos a
maior parada gay do planeta, em São Paulo, e convivemos com esse tipo de
atitude de pessoas que se
julgam impunes e pensam: "veado" é para matar. É o subtexto.
Os homossexuais reagem?
Há uma profunda despolitização da sociedade
homossexual quanto aos
seus direitos. A comunidade gay tem dificuldade para reagir. É assustadora a
maneira como as pessoas
fogem, como se aceitassem que merecem ser punidas por serem homossexuais. É um outro lado
muito triste dessas agressões. A reação está à altura
daquilo que os atacantes
esperam: ou seja, que
"veado" é "cagão".
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