São Paulo, terça-feira, 16 de novembro de 2010

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Alagoas registra a 32ª morte de morador de rua

Todos os casos ocorreram neste ano; só em Maceió, houve 31 assassinatos

Suspeitas vão de grupo de extermínio agindo na capital alagoana ao envolvimento com traficantes de drogas

JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO

Maceió (AL) registrou ontem mais um assassinato de morador de rua. Monique Camila dos Santos, 21, foi a 32ª vítima no Estado. Ela foi encontrada baleada, em Vergel do Lago, periferia da cidade.
O corpo da jovem foi arrastado e deixado sobre a tampa de um bueiro no meio da rua.
Das 32 mortes de Alagoas, 31 ocorreram na capital. O outro caso foi registrado em Arapiraca, segunda maior cidade do Estado.
As 31 vítimas de Maceió representam 10% dos moradores de rua cadastrados na cidade em 2007 -312, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social.
Também ontem, um catador de latas foi espancado na capital alagoana. José Carlos Pereira, 42, foi levado em coma para um hospital em estado grave.Três suspeitos foram presos em flagrante.
Em casos anteriores, a Polícia Civil do Estado afirmava não crer que um grupo de extermínio estivesse agindo na capital alagoana.
Segundo o órgão, a suspeita é que maioria dos crimes esteja ligada ao consumo de drogas e acertos de contas com traficantes locais.
Porém, em julho, quando 14 mortes de moradores de rua haviam ocorrido, o delegado-geral-adjunto, José Edson de Freitas Júnior, afirmou à Folha que apurava a existência de "justiceiros que queriam limpar" a cidade.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Alagoas, Gilberto Irineu, até a conclusão dos inquéritos, a possibilidade de ação de grupos de extermínio não deve ser descartada pela polícia.

PRESSÃO
Até ontem, apenas quatro inquéritos foram encaminhados à Justiça. A lentidão já foi criticada pelo arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz Fernandes, e por grupos de direitos humanos.
Devido à repercussão dos casos, o governador Teotonio Vilela (PSDB) cobrou mais agilidade da Polícia Civil e determinou que os inquéritos dos crimes contra moradores de rua sejam entregues à Justiça até o dia 22.
Alagoas tem uma das mais altas taxas de homicídios do país, com 59,5 por 100 mil habitantes, segundo dados de 2007 do IBGE. A média nacional é de 25,4.


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