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Alagoas registra a 32ª morte de morador de rua
Todos os casos ocorreram neste ano; só em Maceió, houve 31 assassinatos
Suspeitas vão de grupo de extermínio agindo
na capital alagoana
ao envolvimento com traficantes de drogas
JEAN-PHILIP STRUCK
DE SÃO PAULO
Maceió (AL) registrou ontem mais um assassinato de
morador de rua. Monique Camila dos Santos, 21, foi a 32ª
vítima no Estado. Ela foi encontrada baleada, em Vergel
do Lago, periferia da cidade.
O corpo da jovem foi arrastado e deixado sobre a tampa
de um bueiro no meio da rua.
Das 32 mortes de Alagoas,
31 ocorreram na capital. O
outro caso foi registrado em
Arapiraca, segunda maior cidade do Estado.
As 31 vítimas de Maceió representam 10% dos moradores de rua cadastrados na cidade em 2007 -312, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social.
Também ontem, um catador de latas foi espancado na
capital alagoana. José Carlos
Pereira, 42, foi levado em coma para um hospital em estado grave.Três suspeitos foram presos em flagrante.
Em casos anteriores, a Polícia Civil do Estado afirmava
não crer que um grupo de extermínio estivesse agindo na
capital alagoana.
Segundo o órgão, a suspeita é que maioria dos crimes
esteja ligada ao consumo de
drogas e acertos de contas
com traficantes locais.
Porém, em julho, quando
14 mortes de moradores de
rua haviam ocorrido, o delegado-geral-adjunto, José Edson de Freitas Júnior, afirmou à Folha que apurava a
existência de "justiceiros que
queriam limpar" a cidade.
Para o presidente da Comissão de Direitos Humanos
da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Alagoas,
Gilberto Irineu, até a conclusão dos inquéritos, a possibilidade de ação de grupos de
extermínio não deve ser descartada pela polícia.
PRESSÃO
Até ontem, apenas quatro
inquéritos foram encaminhados à Justiça. A lentidão
já foi criticada pelo arcebispo
de Maceió, dom Antônio Muniz Fernandes, e por grupos
de direitos humanos.
Devido à repercussão dos
casos, o governador Teotonio Vilela (PSDB) cobrou
mais agilidade da Polícia Civil e determinou que os inquéritos dos crimes contra
moradores de rua sejam entregues à Justiça até o dia 22.
Alagoas tem uma das mais
altas taxas de homicídios do
país, com 59,5 por 100 mil habitantes, segundo dados de
2007 do IBGE. A média nacional é de 25,4.
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