São Paulo, segunda, 16 de novembro de 1998

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PERSONAGEM
Jovem de 18 anos decidiu estudar para "saber qual ônibus tomar"
Bolsa de R$ 80 por mês atraiu estudante para o programa

Fabiano Accorsi/Folha Imagem
Alunos do programa Alfabetização Solidária participam de seminário de avaliação em São Paulo


da Reportagem Local

O anúncio de que quem participasse do programa Alfabetização Solidária receberia uma bolsa mensal de R$ 80 foi veiculado até pela rádio local de Bonito de Santa Fé (PB), afirma Cicero Marcelo Silva de Sousa, 18.
"Aí foi bastante gente. Depois o dinheiro acabou não vindo e muita gente largou, porque eles tinham largado o trabalho para estudar. Mas eu quero mesmo é saber de estudar", conta Cicero, que é um dos alunos do programa que participam em São Paulo do seminário de avaliação.
Desempregado, e sem nunca ter estudado, Cicero diz que "deu vontade de aprender a ler e escrever porque você sai por aí e não dá nem para saber que ônibus tomar".
O carpinteiro Francisco Siqueira de Souza, 41, de Portel (PA), também não estudou na infância e agora vê no programa uma chance da sua "profissão ter mais valor".
"Eu dependo muito de matemática, preciso medir, calcular. Espero que esse projeto continue para que eu possa continuar esse estudo."
O Alfabetização Solidária trabalha nas regiões mais carentes do país. Como ele envolve uma série de parcerias, e a ida de professores e estudantes universitários aos municípios, tem gerado alguns subprodutos.
Cerca de 13 mil alfabetizadores já foram formados e alguns deles estão começando a dar aulas nas frágeis redes públicas de ensino daqueles municípios.



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